Empresa dispensou 747 funcionários após recusa de PDV na semana passada. Estoque de veículos nas revendas é de 15 dias apenas.
Renault e trabalhadores seguem conversando informalmente após dez dias de paralisação do Complexo Industrial Ayrton Senna em São José dos Pinhais, PR, mas ainda sem perspectivas de acordo. Os funcionários entraram em greve em 21 de julho, depois a demissão de 747 pessoas.
Só nesta semana foram duas reuniões, a segunda nesta sexta-feira, em audiência pública da Assembleia Legislativa do Paraná, via internet, e da qual, além de representantes da montadora e dos trabalhadores, participaram Mauro Rockenbach, Secretário Estadual do Trabalho, membros de centrais sindicais, do Ministério Público do Trabalho, do Tribunal Regional do Trabalho e deputados.
Novo encontro está agendado para a segunda-feira, 3 de agosto. Apesar das conversas, de um lado e de outro as posições estão mantidas. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) enfatiza que o cancelamento das dispensas é exigência da qual a entidade não pretende abrir mãopara retomar as negociações efetivas. A Renault argumenta que os cortes são necessários para ajustar estrutura produtiva e custos à nova realidade de mercados e demandas menores, e manter a competitividade da fábrica inaugurada em 1998.
A redução de custos faz parte também de plano global do grupo francês, que no primeiro semestre de 2020 acumulou prejuízo de € 7,39 bilhões em todo o mundo. As vendas de veículos das várias marcas do Grupo Renault caíram para 1,26 milhão de unidades no período, 34,9% menos, com faturamento de € 18,4 bilhões, 34,3% menor.
“Para que o encontro dessa segunda-feira possa ser produtivo, a Renault tem que suspender as demissões. Será uma demonstração de boa vontade que vai deixar claro se a empresa está mesmo preocupada com os trabalhadores como fala”, afirmou Sérgio Butka, presidente do SMC.
Em 17 de julho, os trabalhadores rejeitaram pacote de medidas que envolvia data-base, participação de resultados e Programa de Demissão Voluntária, PDV, com o qual a montadora buscava eliminar 800 postos de trabalho.
O funcionário que aderisse ao programa de demissões, receberia, a depender do tempo de casa, indenização de 1,5 a 4 salários — mais 2 salários em atendimentio MP 936 —, além de vale-mercado por seis meses e convênio médico por mais um ano.
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Segundo a Renault, o pacote, definido após pelo menos dois meses de negociação e tendo o agravamento da crise sanitária como pano de fundo, era uma versão melhorada do PDV de outra empresa do setor na região e que foi aprovado pelos trabalhadores em junho. Diante da recusa rejeição, a empresa optou pelas dispensas em 21 de julho, um dia antes de esgotado o prazo concedido pelo SMC para a apresentação de uma nova proposta.
A redução de custos atenderia também ao plano global de recuperação do grupo francês, que no primeiro semestre de 2020 acumulou prejuízo de € 7,39 bilhões em todo o mundo. As vendas de veículos das várias marcas do Grupo Renault caíram para 1,26 milhão de unidadesm no período, 34,9% menos, com faturamento de € 18,4 bilhões, queda de 34,3%.
Produção e estoques – Desde 20 de julho, nenhum veículo foi produzido na fábrica paranaense, que tem capacidade instalada para até 1,2 mil unidades diárias. A montadora diz que os estoques nas revendas caíram para cerca de 15 dias, menos da metade da média da indústria.
O quadro de desabastecimento poderia ser mais grave caso as vendas estivessem em ritmo mais acelerado e a montadora não tivesse entrado na Justiça para assegurar a entrada e saída de caminhões da planta.
A partir da quinta-feira, 23, o sindicato viem organizando barreiras nos portões da fábrica para evitar o acesso dos funcionários que desejam trabalhar e que impediam, afirma a Renault, até mesmo o acesso de equipes de serviços essenciais.
Foto: Divulgação
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