O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, aproveitou a coletiva de imprensa desta nesta sexta-feira, 7, convocada para divulgar os números de vendas e produção de julho, para explicar a proposta da entidade de adiamento do Proconve, (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), por 2 ou 3 anos.
Segundo o executivo, a pandemia prejudicou o encaminhamento de projetos que estavam em curso antes da adoção das medidas de isolamento social e as montadoras estão com problemas de caixa que têm levado ao congelamento ou adiamento dos investimentos em geral, tanto em novos produtos como em processos de manufatura.
O aporte necessário para o cumprimento das próximas fases do Proconve é estimado em R$ 12 bilhões. As montadoras, conforme dados da Anfavea, vão ter uma perda de caixa este ano da ordem de R$ 60 bilhões a R$ 80 bilhões.
Diante dessa falta de liquidez, a entidade também está preocupada com as metas de implantação de itens de segurança nos automóveis, que estão previstas no Rota 203o e envolvem discussões com o Contran, Conselho Nacional de Trânsito. Os dois assuntos, portanto, estão sendo tratados em esferas diferentes.
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Durante a entrevista coletiva, Moraes fez um relato de todos os avanços em termos de qualidade do ar que ocorreram desde 1988, quando o Proconve foi iniciado com veículos leves. Ele deixou claro que a entidade é a favor das novas etapas de redução de emissões, mas ponderou ser necessário o adiamento por causa da crise atual do mercado:
“Uma crise dessa dimensão vem afetando todos os campos profissionais, e não é diferente com nossa indústria. Essa sugestão de adiamento não afeta nosso compromisso com o meio ambiente. Após todos os investimentos e esforços feitos desde a década de 1980, com resultados mensuráveis na ponta do escapamento e na qualidade do ar, chega a ser intelectualmente desonesto colocar o ônus da poluição das cidades nos veículos atualmente em produção, essencialmente limpos”.
O presidente da Anfavea destacou que até fevereiro as montadoras vinham cumprindo todo o planejamento do Proconve a fim de garantir a adequação dos veículos e das fábricas para iniciar homologação dos produtos a partir de 2021. Mas com a paralisação das montadoras a partir de março, todos os testes de desenvolvimento foram prejudicados e continuam em ritmo mais lento para proteção dos profissionais de laboratório e de campo que trabalham nesses projetos.
“Estamos discutindo a prorrogação por 2 ou 3 anos para podermos recuperar a capacidade financeira e retomar o que vinha sendo feito antes da pandemia”, comentou Moraes. Segundo ele, essa postergação não afetaria exportações para países da América Latina, incluindo México, uma vez que o Brasil está adiantando em legislação de emissões de poluentes em relação aos demais mercados.
Foto: Divulgação/Anfavea
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