Aprodução das montadoras reagiu em julho, atingindo 170,3 mil veículos, expansão de 73% sobre junho, quando saíram das linhas de montagem total de 98,4 mil unidades. Mas no comparativo com o mesmo mês do ano passado (267 mil) a queda chega a 36,2%, caracterizando-se como o pior julho desde 2003 para o setor.
A reação mensal também ocorreu no mercado interno, com alta de 31,4%, e nas exportações, que evoluíram 49,7%. Nos dois casos, porém, também houve decréscimo em relação a idêntico mês de 2019, de 28,4% e 30,8%, respectivamente. No contexto do quadro de pandemia da Covid-19 no País, um dos destaques negativos fica por conta da mão de obra.
O setor demitiu 1.484 empregados apenas em julho, reduzindo o quadro em 3,4 mil postos de trabalho de janeiro para cá e em 6,2 mil vagas em um ano. Esses números envolvem a demissão de 747 trabalhadores da Renault – que a Justiça determinou serem reintegrados, mas a montadora vai recorrer -, além de PDVs, programas de demissão voluntária, e não renovação de contratos temporários no período da pandemia.
“A redução de quadro de pessoal só não foi maior porque as montadoras estão todas utilizando as medidas de flexibilização no trabalho definidas na medida provisória 936”, comentou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, em entrevista online nesta sexta-feira, 7. Com a perspectiva de só retomar os números de 2019 em 2025, a tendência é de haver mais demissões nos próximos meses. “Estamos preocupados com isso. Temos um quadro de funcionários, em todos os níveis, muito bem preparado”.
No acumulado dos primeiros sete meses do ano, a produção caiu 48,3%, baixando de 1,74 milhão de veículos para 899.553. As exportações recuaram 43,7% e os emplacamentos, 36,6%.
LEIA MAIS
→Justiça determina anular as 747 demissões na Renault
→Em julho sobre junho, montadoras ampliam vendas em 31,4%
O presidente da Anfavea explicou que a queda na produção no comparativo interanual é maior do que a verificada no mercado interno e nas exportações porque os estoques ficaram extremamente elevados quando começaram as medidas de isolamento social no País. Os estoques baixaram de 157,6 mil para 139,3 mil veículos de junho para julho, equivalendo agora a 24 dias de vendas.
“Além de um número maior de dias úteis, julho foi um mês no qual as montadoras e concessionárias fizeram um grande esforço para recompor o caixa prejudicado pela longa quarentena. Mas o ritmo de vendas diário foi apenas 20% superior ao de junho, o que demanda cautela na análise de como será a recuperação no segundo semestre”, disse Moraes.
Na sua avaliação, ainda não é o momento de rever as projeções de baixa feitas pela entidade após a Covid-19 chegar no Brasil. “Ainda temos uma pandemia que não deu trégua. É como se estivéssemos numa estrada sinuosa e
com forte neblina, com grande dificuldade de enxergar o horizonte com clareza”, fez questão de frisar o executivo.
No contexto total do setor, os segmentos de caminhões e máquinas têm sofrido menos que o de veículos leves e ônibus, o que não impede perdas na comparação com o ano anterior. O único indicador positivo no acumulado do ano é o de vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias, 1,3% superiores às de 2019.
Foto: Divulgação/Volkswagen
- 2025, o ano da decolagem dos eletrificados “made in Brazil” - 19 de dezembro de 2024
- 2024, um ano histórico para o setor automotivo brasileiro - 19 de dezembro de 2024
- Importações de autopeças avançam 11%, exportações recuam 14% - 18 de dezembro de 2024