A Volkswagen pretende reduzir em até 35% o quadro de funcionários de suas quatro fábricas no Brasil. A montadora se reuniu esta semana com representantes dos trabalhadores das plantas de automóveis de São Bernardo do Campo e Taubaté, SP, e São José dos Pinhais, PR, e da de motores de São Carlos, SP, para apresentar também outras propostas de redução de custos e iniciar negociações.
A Volkswagen conta hoje com cerca de 15 mil funcionários em suas unidades fabris. Ou seja, a empresa pensa em abrir mão de pelo menos 5 mil trabalhadores no País. Os cortes atingiriam mensalistas, horistas e até trabalhadores terceirizados.
A montadora também está negociando outras medidas para reduzir custos. Dentre elas, flexibilização da jornada de trabalho, redução de PLR, corte de reajustes salariais e mudanças em benefícios, como vale alimentação, transportes e plano médico.
Após longo período de interrupção por conta da pandemia, as fábricas de veículos de São Bernardo do Campo, Taubaté e São Carlos retomaram as atividades gradativamente a partir de 26 de junho, uma semana depois de São José dos Pinhais, PR.
Procurada, a montadora emitiu nota oficial, na qual não negou as informações do AutoIndústria:
“A Volkswagen do Brasil está em processo de negociação com os sindicatos das fábricas em São Bernardo/SP, Taubaté/SP, São Carlos/SP e São José dos Pinhais/PR avaliando em conjunto medidas de flexibilização e revisão dos Acordos Coletivos vigentes, para a adequação do seu número de empregados ao nível atual de produção, com foco na sustentabilidade de suas operações no cenário econômico atual, muito impactado pela pandemia do novo coronavírus. Segundo a Anfavea, a produção de veículos da indústria brasileira deve cair 45% em 2020 e a recuperação do mercado, com queda prevista de 40% em relação a 2019, é projetada só para 2025.”
Em junho, quando questionado sobre eventual excesso de pessoal na operação brasileira, Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen América Latina, evitara falar em demissões, mas deixara claro ser imprescindível o uso de medidas de flexibilização trabalhista, como as definidas na medida 936, para que a indústria possa superar a crise econômica.
“Não acho que o mercado brasileiro vai reagir em foma de ‘V’ como está acontecendo na China e nos Estados Unidos. Vamos precisar de todas as medidas de flexibilidade na área trabalhista para atravessar este período de retomada gradativa do mercado”, comentou o executivo.
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Em 6 de agosto, durante o lançamento do T-Cross 2021, Di Si admitiu o risco de desemprego no setor, mas fez a ressalva: “A última coisa que faremos é mexer no nosso time de funcionários”. Comentou ainda que a empresa aguardaria o comportamento do mercado neste mês e no próximo para definir novas estratégias de produção.
“Em Taubaté, já comunicamos que o 2º turno vai até dezembro. Embora estejamos tendo um desempenho melhor do que o da média da indústria, ao final de cada dia fica claro que estamos abaixo dos níveis de 2019. Tem notícias boas, como a redução da Selic, e outras ruins, como o aumento do desemprego. Precisamos esperar um pouco mais.”
A Volkswagen liderou as vendas de automóveis e comerciais leves em junho e repetiu a dose no mês passado, quando somou quase 31,5 mil licenciamentos, participação de 19,3%.
De janeiro a julho, a empresa negociou 155,7 mil veículos no mercado interno, participação de 16,8 %, contra 162,5 mil da líder GM (17,5%). No mesmo período do ano passado, a marca teve 223,5 mil emplacamentos, portanto acumula queda da ordem de 30%, inferior à média do mercado de automóveis e comerciais leves acima de 37%.
Em 2019, a empresa produziu mais de 479 mil veículos em suas três plantas, 10% a mais do que no ano anterior. O recorde histórico de seis décadas no Brasil, porém, é de 2010. Naquele ano, saíram das linhas de montagem nacionais mais de 1 milhão de automóveis e comerciais leves.
- Texto atualizado às 15h21.
Foto: Divulgação
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