Após ficarem praticamente três meses sem comprar carros novos, as locadoras voltaram a procurar as montadoras em julho principalmente para incrementar a oferta destinada a clientes interessados na terceirização de frotas, modalidade que tem reagido favoravelmente neste período de pandemia.

“Mas as montadoras estão sem veículos para entregar”, revela o presidente do Conselho Nacional da Abla, Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis, Paulo Miguel Júnior. “As entregas estão sendo programadas só para outubro”.

O executivo lembra que a indústria automobilística paralisou produção a partir da segunda quinzena de março e a retomada foi gradual entre maio e julho. “A maioria está operando em um ou dois turnos e em ritmo inferior ao da pré-pandemia. A estabilização entre oferta e demanda só deve ocorrer no começo do último trimestre do ano”.

O retorno parcial das montadoras já tem refletido no número de empregos no setor, que perdeu cerca de 2,5 mil postos de trabalho este ano. Um quadro que tende a se agravar, visto que algumas fábricas já abriram PDV, Programa de Demissão Voluntária, e há negociações em andamento, como as da Volkswagen com os sindicatos de metalúrgicos das localidades onde opera, sob alegação da necessidade de cortar seu número de funcionários em 35%.

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Ninguém, certamente, sairá ileso da atual crise econômica gerada pelas medidas adotadas por causa da Covid-19. Assim como outros setores econômicos, também o das locadoras teve sérias dificuldades principalmente no período de março a junho, com melhoria de cenário só a partir do mês passado.

Balanço preliminar da Abla mostra reação mais forte no segmento de terceirização de frotas, que já recuperou nível pré-pandemia com tendência de crescer ainda este ano. “Para fazer caixa, muitas empresas venderam seus veículos próprios e optaram pela terceirização. Por isso as locadoras que operam com essa modalidade voltaram a comprar automóveis para renovar e até mesmo ampliar suas frotas”.

O segmento de aluguel para motoristas de aplicativos também já reagiu e tem demanda hoje equivalente a 90% da registrada no início do ano. As dificuldades maiores são na locação para turismo e negócio, que ainda tem movimento 40% inferior ao da pré-pandemia.

O presidente da Abla diz que o prejuízo para o setor foi grande, principalmente para aqueles que concentram locação em turismo e negócios. “Quem tem um negócio mais mesclado e é forte na locação de frotas terceirizadas sofreu menos”.

Alguns movimentos podem favorecer o segmento de turismo e negócios neste final de ano. “Essa modalidade também inclui pessoas que alugam carros para o dia-a-dia, seja em períodos curtos ou mais longos. Tem gente que está querendo fugir do transporte coletivo e prefere optar pela locação do que gastar neste momento com a aquisição de um veículo novo ou usado”.


 

Alzira Rodrigues
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