Crise provocada pela pandemia da covid-19 ainda impede de projetar o futuro do mercado, mas também evidencia as alavancas do transporte
Seis meses após o início da pandemia no País, a indústria de caminhões consegue medir os estragos, mas não que pode surgir pelo caminho. Em live promovida pela agência de notícias Automotive Business, na quarta-feira, 26, representantes do segmento foram unânimes em apontar que, até agora, o desempenho do mercado foi melhor do que esperavam em relação ao começo da crise sanitária. Por outro lado, seguem às escuras pelo que vem pela frente.
A percepção é alinhada com a projeção da Anfavea, de retração de 35% para um mercado por volta de 65 mil unidades. Mas não bastasse a pandemia, há outros fatores que colocam no horizonte ingredientes que reforçam as incertezas.
“O fechamento dos Detrans resultou em um represamento nos emplacamentos. As vendas de agosto, por exemplo, se mostram menores que a julho”, revelou Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes-Benz. “Há uma possibilidade de viés de alta no resultado do ano pela demanda do agronegócio, beneficiado pela alta do dólar e pelas exportações de commodities, mas é difícil cravar.”
Se a quatro meses para acabar ainda não se tem bases seguras, mais nebuloso se mostra o ano que vem. Ricardo Barion, diretor comercial da Iveco, lembrou que ainda não há uma vacina para doença, o que impede previsibilidade para o que vai ocorrer na economia.
“Ainda é muito cedo para prever alguma coisa. Mas o País trafegava por uma tendência muito positiva antes da pandemia, o que pode voltar no cenário.”
Leoncini também ponderou situações decorrentes da crise que tornam a visibilidade ainda mais opaca, como o desemprego elevado, os mercados de exportação em baixa e de como será a capacidade de crédito das empresas na pós-pandemia. “Tenho uma única certeza. A agricultura seguirá como a alavanca do mercado e vejo também alguma retomada no setor de construção.”
O vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Ricardo Alouche, levantou ainda outra questão de ordem prática: preço do produto. Segundo o executivo, os valores já encontravam defasados e a valorização do dólar achatou ainda mais as margens. “A recomposição já está sendo feita pela maior parte das montadoras, mas o cliente estará disposto a pagar um novo posicionamento de preço?”
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