Indústria

Montadoras demitem 4,1 mil trabalhadores durante a pandemia

Só em agosto, quando a produção atingiu 210,9 mil veículos, com alta de 23,6% sobre julho, foram dispensados 651

Apesar de ter registrado em agosto os melhores resultados desde que a pandemia chegou ao Brasil, a indústria automotiva segue com desempenho negativo no ano e mantém processo de corte de pessoal iniciado em março. Foram dispensados 651 trabalhadores no mês passado, totalizando 4,1 mil dispensas desde fevereiro e mais de 6,8 mil no período de um ano.

E os cortes devem se intensificar neste último quadrimestre do ano, por conta do término das medidas de flexibilização trabalhista adotadas a partir da MP 936, como admite o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, que divulgou o balanço mensal do setor em entrevista online nesta sexta-feira, 4.

“As demissões verificadas até agora decorrem do término de contratos temporários de trabalho e também de programas de demissão voluntária (PDVs) abertos neste período. Todas as montadoras estão tentando proteger os empregos pela qualidade da mão de obra do setor, mas é inevitável haver novas demissões. É visível o excesso de pessoal no setor”, destacou o executivo.

Segundo ele, o fundo do poço da pandemia já foi superado, mas ainda é difícil prever o que acontecerá nos próximos meses. Em agosto, as montadoras produziram 210,9 mil veículos, o que representou crescimento de 23,6% sobre julho, porém uma queda de 21,8% no comparativo com o mesmo mês de 2019.

Foram fabricados, no acumulado do ano, total de 1.110.800 unidades, com forte recuo de 44,8% sobre os primeiros oito meses do ano passado e volume equivalente ao verificado há quase 20 anos. As exportações seguem em queda enquanto o mercado interno vem crescendo gradativamente. Os 183,4 mil licenciamentos de agosto representaram alta de 5,1% sobre julho, mas considerando o balanço dos oitos meses (1.166,7 mil) verifica-se queda de 35%.

“É como se perdêssemos três meses de vendas internas e quase quatro meses de produção”, comentou o presidente da Anfavea. “Se não fosse a pandemia, na metade de maio já teríamos chegado aos patamares atingidos nesse fechamento de agosto”.

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Após rever projeção de crescimento em torno de 10% para queda de 40% nas vendas internas este ano, a Anfavea admite que revisará as metas para 2020 no próximo mês. Provalmente o recuo do mercado interno será menor do que o esperado no início da pandemia, mas só mesmo em setembro a entidade se posicionará sobre isso.

Moraes comentou sobre as ações positivas do governo, como o auxílio emergencial e a MP 936, que injetaram R$ 500 bilhões na economia brasileira, mas disse que outros fatores, como o risco de alta do desemprejo e as taxas de juros ainda elevadas no varejo, impedem uma visão mais clara do futuro no momento.

Um dos fatores que preocupa o setor diante da elevada ociosidade da indústria automobilística, atualmente na faixa de 65%, é a falta de competitividade do País. Moraes informou que o Ministério da Economia criou uma secretária específica para tratar do Custo Brasil, o que traz algum alento quanto a esse tema.

Lembrou, contudo, que a ociosidade no setor é mundial, detacando que “só atacando as causas do Custo Brasil é que teremos condições de evitar um encolhimento do setor automotivo brasileiro”.


Foto: Divulgação/VW

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Publicado por
Alzira Rodrigues

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