Indústria

AEA discute descompasso entre a sala de aula e a manufatura

Indústria 4.0 expõe urgência de estudos contínuos para aplicação assertiva das aceleradas evoluções tecnológicas

Algoritmos, Big Data, Learning Machine, Inteligência Artificial, dentre outros conceitos e recursos da ciência da computação e da tecnologia da informação já estão na mesa das indústrias em busca de mais eficiência nos processos. Há, no entanto, um hiato entre o conhecimento adquirido e os desafios enfrentados nas empresas.

O debate Da Indústria 4.0 para a Sociedade 5.0: O resgaste do Ser Humano no Pós-Pandemia, parte da programação online do Seminário de Manufatura Automotiva, organizado pela AEA, na quarta-feira, 16, colocou em pauta essa dissociação. A deficiência educacional para o mercado de trabalho está longe de se apresentar como novidade, mas se coloca cada vez mais como um obstáculo a ser superado com o avanço cada vez mais acelerado das tecnologias.

“A tecnologia frequentemente é simplesmente empurrada. Mas é preciso responder a diversas variáveis. Qual é a tecnologia a investir? Quais os sensores que serão usados? Qual é o algoritmo a ser empregado?”, questionou Jefferson Gomes, diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). “Para fazer um benchmark há muita coisa nova para se aprender e entender o que está chegando nas mesas de decisões. E os RHs das empresas também precisam estar nesta corrida.”

O descompasso já percebido hoje corre risco de ficar ainda maior caso ações nos níveis básicos educacionais deixem de ser feitas. “Matemática é o conhecimento-chave para quem já está ou vai entrar no mercado trabalho, cada vez mais tecnológico. Como também a necessidade de atualização constante”, pontuou Eliana Emediato, coordenadora-geral de Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologias e Inovações (MCTI). “É urgente mudar a mentalidade que se vê habitualmente de não gostar de matemática.”

O representante do IPT reforçou as cores do quadro ao mencionar análise de maturidade dentre mais de 1 mil empresas, na qual se considera itens como sistema de produção. Pelo estudo, as organizações que obtiveram as notas mais altas são as que têm equipes comprometidas em absorver conhecimento contínuo.

Para os participantes do debate, tecnologia e conhecimento andam juntas e, agora, não se trata mais de estudar para ter uma profissão na vida, mas estudar na vida para ter uma profissão. Como resumiu Guilherme Souza, da área jurídica e de compliance da Denso do Brasil, “deixar de acompanhar as inovações, que são cada vez mais rápidas, e não oferecer o aprendizado para novas tecnologias desde cedo, não  colocará as pessoas somente fora do mercado de trabalho, mas à margem da sociedade”.

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Foto: Gerd Altmann/Pixabay

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Publicado por
Décio Costa

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