Presidente da Anfavea diz que desafio da indústria é adequar produção com demanda para não faltar alguns modelos
Depois de atingir quatro meses de estoque por causa da parada abrupta da economia no primeiro semestre decorrente da quarentena imposta pela Covid-19, o setor automotivo registra agora um dos mais baixos volumes de veículos disponíveis para venda em seus pátios e nas concessionárias de toda a sua história.
São apenas 28,2 mil unidades nas montadoras e 113,5 mil nas redes de todas as marcas, o que soma 141,7 mil veículos em estoque, o equivalente a apenas 20 dias de venda pelo ritmo atual do mercado. Esse mesmo nível já havia sido registrado em agosto. O normal seria na faixa de 35 dias, patamar que prevalecia antes da pandemia.
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, admite que o estoque é baixo, mas diz que a prioridade das montadoras hoje é o fluxo de caixa, ou seja, todas estão buscando equilibrar ao máximo a oferta com a demanda para não ter custos com veículos parados.
De qualquer forma, avalia que não há um problema estrutural na indústria. “Pode faltar um modelo ou outro, até porque houve mudança de mix na demanda interna e a indústria em geral está em fase de ajustes para equilibrar a produção”.
O que não se descarta, segundo ele, é a possibilidade de faltar insumos neste final de ano. “Esperamos que isso não ocorra, mas é um item que está na nossa coluna de riscos”, comentou Moraes, que na coletiva de balanço mensal do setor mostrou as chances e os riscos que podem melhorar ou piorar as projeções divulgadas nesta quarta-feira, 7, pela entidade.
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Alguns modelos, na verdade, já não existem para pronta entrega, caso da nova Strada, que tem fila de dois meses nas vendas diretas e de 30 a 40 dias no varejo, segundo admitiu na semana passada o diretor da marca Fiat, Herlander Zola.
O mercado de picapes, segundo o presidente da Anfavea, é um dos que corre risco de ter oferta abaixo da demanda por causa do bom momento do agronegócio, que tem favorecido as vendas no segmento.
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Na verdade, a procura principalmente por modelos recém-lançados, como é o caso da Strada, surpreendeu alguns fabricantes, que tentam reprogramar produção para atender a demanda acima do esperado. A Fiat, por exemplo, já reviu volume de 440 unidades/dia da Strada para 650 até o final do ano.
Mas Zola admite que nem todos os fornecedores estão conseguindo acompanhar o aumento da produção e têm dificuldades para abastecer a linha de montagem, principalmente aqueles que acabaram demitindo na pandemia sem prever o ritmo de recuperação que o mercado automotivo brasileiro está apresentando.
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