Serviços de entregas, comércio eletrônico e pandemia aceleraram a demanda por utilitários
Já há algum tempo as áreas de marketing das principais montadoras apostam que SUVs e comerciais leves são os segmentos de maior potencial de crescimento na América do Sul nos próximos anos. No Brasil, principal mercado da região, os utilitários esportivos já respondem por 26,6 % das vendas de veículos e agora é perceptível também movimento mais acelerado dos comerciais leves.
Nos primeiros nove meses de 2020, os veículos com vocação inicial para o trabalho acumularam, segundo a Fenabrave, 223,7 mil licenciamentos, 17,2% de todos os automóveis leves negociados no País. No ano passado, foram 397 mil emplacamentos, mas a penetração era de somente 14,9%.
Esse recuo de 22,7% nos números absolutos na comparação anual, entretanto, foi bem menor do que o registrado nas vendas de carros de passeio, de quase 35% até setembro.
Além dos SUVs, que acumulam 346 mil unidades vendidas, os comerciais leves só perdem para o segmento de hatches pequenos, com 320,7 mil veículos negociados em 2020, 24,7% do total. Como em 2019 a participação desses modelos foi de 28%, a vantagem para os comerciais caiu quase 6 pontos porcentuais em nove meses.
O melhor desempenho dos comerciais leves, analisa Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, guarda relação com a tendência, reforçada pela pandemia, do crescimento dos serviços de entregas gerados pelo comércio eletrônico e cada vez mais comuns em vários setores, além do agronegócio, que tem nas picapes importantes ferramentas de trabalho e descolamentos.
Em um círculo virtuoso, muitos fabricantes resolveram surfar nessa aguardada onda com a renovação ou lançamento de produtos de três anos para cá. Desde então, os consumidores têm sido tentados com novidades em picapes compactas, médias e grandes, além de furgões.
Em algumas marcas, os comerciais leves têm papel decisivo para o resultado comercial. Dos mais de 8,4 mil emplacamentos da Peugeot em 2020, por exemplo, 26% se deveram aos furgões Expert, Partner e Boxer, ante 20% no ano passado.
As picapes Saveiro e Amarok colaboram agora com 17,1% das vendas da Volkswagen, contra 15,6% em 2019, e na Ford a Ranger, que representou 10,1% das vendas no ano passado, tem 14,3% dos licenciamentos da marca.
Na Mitsubishi, tradicional no segmento de picapes médias, a L200 soma 57% dos emplacamentos, enquanto na Nissan a Frontier passou de 8,4% no ano passado para 12,5% no acumulado dos nove primeiros meses de 2020.
Na Kia, os veículos dedicados ao trabalho quase dobraram sua penetração nos negócios da marca. Representaram 44,4% dos mais 4,2 mil emplacamentos até setembro, diante dos 26,2% acumulados em 2019. Com o Master, líder entre os furgões, e a picape Oroch, a Renault tem 8,3% de suas vendas amealhadas por esses modelos.
Mas das marcas generalistas, a Fiat é, de longe, a que mais tem se beneficiado do crescimento da demanda por comerciais leves. Com uma extensa lista de produtos que conta com os furgões Uno, Fiorino, Doblò e Ducato, além das picapes Strada e Toro, superou 98,5 mil licenciamentos de janeiro a setembro, 48% de tudo que negociou no País.
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Sozinha, a Fiat domina 44% das vendas de comerciais leves no Brasil. Sua mais próxima concorrente é a Volkswagen, que acumula 32,8 mil licenciamentos e 14,2% do segmento, seguida pela Toyota, com 22,9 mil emplacamentos e 10,2%.
A recém-lançada segunda geração Strada é prova de que a montadora tem acertado e pretende seguir investindo no segmento. Com 11,8 mil licenciamentos, foi o veículo mais vendido no mercado interno em setembro. E após os primeiros nove meses de 2020, está na terceira colocação, com 50 mil unidades vendidas, atrás somente do Chevrolet Onix (92,3 mil) e já bem próxima do Hyundai HB20 (57,7 mil).
No segmento, a maior ameaça vem da… própria Fiat. A Toro já tem 34,4 mil licenciamentos, bem à frente da Toyota Hilux (22,2 mil).
Foto: Divulgação
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