Indústria

Toyota critica prorrogação de incentivos para o Centro-Oeste

"Mais um caso de ausência de estabilidade nas regras, com repercussão internacional, afetando a atração de investimentos", diz empresa

Em uma atitude raríssima nos quase 63 anos de sua história no Brasil, nesta terça-feira, 27, a Toyota criticou publicamente a aprovação na Câmara dos Deputados e, na sequência, no Senado, da Medida Provisória 987/2020, que prorrogou o incentivo fiscal federal para as empresas automotivas instaladas na Região Centro-Oeste.

Roberto Matarazzo Braun, diretor de Assuntos Governamentais, afirma, em artigo divulgado pela própria montadora, recorda que o incentivo, previsto inicialmente por 10 anos, já  completou duas décadas e a dois meses do término, pode ser prorrogado por mais cinco anos. Para isso, a MP precisa ser ainda sancionada pela Presidência da República.

“A extensão desse benefício federal é questionável, considerando que o prazo de vigência do regime já teria sido suficiente para a recuperação de investimentos realizados. A extensão do prazo por mais cinco anos dificilmente atrairá novas montadoras,investimentos e geração de empregos expressivos para a região”, afirma Braun, que entende desnecessária qualquer compensação de custos logísticos, já que o Centro-Oeste tem localização privilegiada para a instalação de centros nacionais de distribuição.

Segundo o dirigente da Toyota, a medida afeta a previsibilidade de empresas sediadas em outras regiões  do País e  impacta investimentos já realizados e afasta novos. “O empresário”, pondera o executivo, “precisa de cenários claros para investir com segurança. Trata-se de um jogo de soma com resultado negativo, uma vez que gera alguns empregos automotivos na região incentivada, mas fecha empresas e destrói empregos e renda nas outras regiões”.

Braun destaca que entre a concepção e o lançamento são necessários cerca de cinco anos. “O plano de negócios considera o valor investido e o retorno com as vendas futuras, estimando volumes e preços do produto da empresa e dos concorrentes do mesmo segmento. O incentivo regional traz um desequilíbrio nesse cenário de competição, na medida em que pode ser utilizado para redução de preços e aumento de volumes de vendas não previstos no plano de negócios original.”

“Trata-se de mais um caso de ausência de estabilidade nas regras, ou seja, risco regulatório, com repercussão internacional, afetando a imagem e a atração de novos investimentos para o Brasil”, prossegue o diretor da Toyota, que cobra política igualitária para as empresas.

LEIA MAIS

→ Toyota mudará sede administrativa para Sorocaba

→ Toyota segue como a marca automotiva mais valorizada

“Até o momento, a previsibilidade parece cada vez mais distante. Os ganhos de curto prazo são parciais e apenas para alguns. Os de longo prazo, no entanto, ficam cada vez mais distantes e prejudicam a todos”, conclui.

A  prorrogação por cinco anos do incentivo tributário no Centro-Oeste é parte da medida provisória 987/2020, editada para prorrogar o prazo para que empresas automotivas instaladas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentarem projetos de novos produtos e assim contem com crédito presumido do IPI.

No Centro-Oeste, apenas Goiás abriga montadoras. De Anápolis, saem veículos de passeio e comerciais leves da Hyundai e Chery produzidos pelo Grupo Caoa, enquanto em Catalão são fabricados utilitários esportivos e picapes Mitisubishi e Suzuki.

Em 2019, Goiás respondeu por 1,4% dos mais de 2,9 milhões de veículos produzidos no Brasil, apenas a oitava participação entre os nove estados produtores.  São Paulo liderou com 40,1%, seguido do Paraná (15%), Minas Gerais e Rio Grande do Sul, ambos com 10,7%, Pernambuco e Bahia, 7,5% cada, Rio de Janeiro e 6,7%. Na nona e última posição ficou Santa Catarina, 0,3%.


Foto: Divulgação

Compartilhar
Publicado por
Redação AutoIndústria

Notícias recentes

Brasileiros já compraram 2 milhões de veículos leves em 2024

Com 249,4 mil unidades, outubro tem o melhor resultado mensal do ano

% dias atrás

Alckmin recebe CEO global da Honda

Em debate, os benefícios do Mover e a manutenção dos direitos constitucionais da Zona Franca…

% dias atrás

Começa na segunda a maior feira de transporte da América Latina

AutoIndústria mostra na próxima semana tudo o que vai acontecer na Fenatran

% dias atrás

Honda mexe bem pouco na família City 2025

Sedã e hatch ganham mais no conteúdo do que na forma

% dias atrás

Picape que vende mais que carro no Brasil atinge 2 milhões de unidades

Lançada em 1998, Strada segue líder em emplacamentos este ano

% dias atrás

XCMG lançará na Fenatran caminhão leve elétrico

Modelo E3-10T coloca a marca chinesa na disputa do mercado de entregas urbanas no País

% dias atrás