Após os problemas enfrentados no segundo trimestre por conta das medidas de isolamento impostas pela Covid-19, a Marcopolo recuperou produção e vendas no período de julho a setembro, mas não em níveis suficientes para evidar resultados negativos no acumulado do ano.
Balanço divulgado nesta quarta-feira, 4, pela fabricante de carrocerias de ônibus de Caxias do Sul, RS, indica que no terceiro trimestre a produção cresceu 46,6% em relação aos três meses anteriores. Foram fabricadas no período 3.422 unidades, das quais 3.064 produzidas no Brasil, volume que indica queda de 7,1% no comparativo com o terceiro trimestre de 2019.
Com relação ao exterior, o decréscimo anual de produção foi 43,1%, com 358 unidades entre julho e setembro. O dado positivo é que a participação de mercado da companhia na produção brasileira de carrocerias aumentou de 48,8% no terceiro trimestre de 2019 para 55,7% em idêntico intervalo deste ano.
A receita líquida total alcançou R$ 836,5 milhões no terceiro trimestre, sendo R$ 480,4 milhões (57,4%) provenientes do mercado interno e R$ 356,1 milhões (42,6%) do externo.
“No último trimestre, destacamos o desempenho dos micros, beneficiado pelo aumento de vendas ao programa Caminho da Escola”, comenta José Antonio Valiati, diretor financeiro e de relações com investidores da Marcopolo.
Considerando também os demais modelos, a Marcopolo entregou 2.534 veículos ao programa nos primeiros nove meses deste ano. Segundo Valiati, o ritmo dessas entregas deve permanecer forte até dezembro e as adesões dos municípios se encontram próximas ao limite das 4.800 unidades que a companhia destinará ao Caminho da Escola.
“Já demanda por ônibus rodoviários segue impactada pela queda no turismo, mas ensaia pequenos movimentos de recuperação, indicando que o pior já passou. Por outro lado, as atividades de fretamento vêm surpreendendo positivamente, com incremento de vendas frente a 2019, em função das exigências de maior distanciamento no transporte de funcionários. Isso abriu oportunidade para o aumento das nossas vendas de Volare, que também se destacou no último trimestre por conta de exportação para o Chile”, explica Valiati.
O lucro bruto consolidado da Marcopolo atingiu R$ 136,7 milhões no terceito trimestre, com margem de 16,3%, contra os R$ 145,9 milhões do mesmo período de 2019, com margem de 13,5% . O EBITDA foi negativo em R$ 23,8 milhões (margem de -2,8%), enquanto no ano passado atingiu R$ 60,2 milhões (margem de 5,6%).
Os resultados foram afetados principalmente pelos custos relativos aos ajustes de pessoal e pelas operações no exterior, em especial a canadense da NFI Group Inc. Esses mesmos fatores contribuíram para o prejuízo líquido de R$ 57,4 milhões (margem de -6,8%) no terceiro trimestre, contra um lucro de R$ 33,9 milhões (margem de 3,1%) em idêntico período do ano passado.
Por causa da desvalorização do real, as exportações da Marcopolo seguem apresentando melhor desempenho do que o do mercado interno. Houve redução de volume por causa da pandemia, mas a queda é compensada pela maior receita e rentabilidade das operações, devido ao atual patamar do câmbio.
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“Gradativamente, as operações de transporte coletivo na América do Sul voltam a circular, com reflexos positivos nas vendas ao Chile, Argentina e Peru. As entregas ao mercado africano permanecem sendo importantes também”, comenta Valiati, lembrando que todas as demais operações (Austrália, México, China e África do Sul) sofreram com uma menor demanda.
“Continuamos trabalhando junto aos nossos clientes para que esta crise seja superada brevemente. A Marcopolo do futuro evolui independentemente dos percalços do curto prazo, perseguindo uma visão de mobilidade crescente e eficiente para um mundo que deseja voltar a viajar”, conclui o diretor da companhia.
Foto: Divulgação/Marcopolo