A frota no Brasil da picape Ram 2500 está próxima de 11 mil unidades acumuladas desde 2005, quando começou a ser importada dos Estados Unidos. É um universo minúsculo diante dos números das principais concorrentes, mas que — esperam os executivos da marca — começará a se expandir de forma mais evidente a partir desta quinta-feira, 10.

Isso porque o site ram.com.br começou a aceitar reservas para a 1500, segundo modelo da marca norte-americana que a FCA começará a entregar aos primeiros compradores a partir de abril  de 2021. Inicialmente, apenas na apimentada versão Rebel, com motor V8 Hemi a gasolina de 5,7 litros de 400 cavalos, o mais potente disponível para uma picape no Brasil, câmbio automático e tração, 4×4.

Com esse conjunto mecânico, a 1500, mesmo com seu porte avantajado – tem 5,9 m de comprimento, 60 cm  mais comprida, por exemplo, do que a Toyota Hilux –, acelera de 0 a 100 km em 6,4 segundos, tempo digno de esportivos. A FCA prefere nomeá-la, sem poupar anglicismos, de “a primeira premium muscle truck do Brasil”.

Mas para ter todo esse desempenho à disposição , o consumidor terá de arcar com pelo menos R$ 399 mil, valor inicial do modelo e que explicita qual o restritíssimo público que a FCA pretende atingir com essa versão “cartão de visita”.

RAM 1500

Motor de 400 cavalos é o mais potente para uma picape no mercado brasileiro

Um universo de clientes, avaliam os executivos da Ram, menos rural e mais urbano. Quase o contrário, portanto, do perfil médio dos compradores da irmã maior 2500, que exige carteira da habilitação “C”, é maior e conta com motor a diesel, claramente uma preferência de quem utiliza picapes profissionalmente no campo.

Trabalho, de fato, não tem quase nada a ver com a 1500. A própria capacidade de carga de somente 610 quilos indica isso, assim como a larga oferta de equipamentos de série e opcionais de conforto que inclui sistema de estacionamento semiautônomo, head-up display, o sofisticado  som Harman Kardon, teto solar panorâmico e retrovisor interno com imagem de câmera traseira.

A central multimidia chama a atenção. Disposta na vertical, tem tela de 12 polegadas, a maior da categoria. Revestimentos de bancos e painéis das portas são em couro e há um profusão de portas USB e porta-objetos que reforçam que de comercial leve mesmo a 1500 só tem a carroçaria.

 

Sua vocação é rodar muito mais no on-road e nas cidades, apesar de suas mais de 2,5 toneladas. Para isso, o motorista pode se servir de controle de velocidade adaptativo, frenagem automática de emergência e detecção de pedestres e assistente de permanência em faixa, recursos quase inúteis no campo.

Por conta dessas características, Breno Kamei, diretor da Ram para América Latina, não vislumbra que a 1500 possa roubar clientela da 2500, que, embora maior, tem preço até 10% inferior, a partir de R$ 360 mil.

As vendas da nova picape seriam, portanto, quase integralmente adicionais para movimentar a rede de 56 concessionárias que, num primeiro momento, trabalharão para negociar o lote inicial de 100 unidades disponível para o período de pré-venda, que se encerrará em março.

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Kamei estima que, em regime de oferta consolidada, a 1500 poderá vender perto de 100 unidades mensais, número muito semelhante ao volume licenciado em 2020 pela pioneira 2500, que encerrará o ano com cerca de 1,5 mil emplacamentos – foram 1,2 mil até novembro.

A Ram, muito provável, deve dobrar seus licenciamentos em 2021, aproximando-se de 3 mil unidades. E não estará satisfeita com esse volume, tudo indica. Da fábrica de Michigan, nos Estados Unidos, poderão sair outras opções da 1500 para o Brasil.

A FCA admite estudos para importar versões mais baratas. A exceção seria aquelas dotadas de motor a diesel, que aqui ficará restrito mesmo à 2500, segundo Kamei.  Mais baratas, mas não  necessariamente  despojadas ou mais aptas ao trabalho integrlamente. “Serão sempre versões premium,” assegura Kamei


Foto: Divulgação

George Guimarães
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