Em tempos em que eletrificação é a palavra de ordem na indústria automobilística mundial, a AEA lança o documento “Roadmap Tecnológico Automotivo Brasileiro”, que demandou 2 anos de estudos, pesquisas e debates e sinaliza os caminhos para o futuro do setor no País.
Coordenado pela Comissão Técnica de Tendências Tecnológicas da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, com a colaboração de outras sete comissões, o documento faz um diagnóstico sobre a produção e a venda de veículos leves e pesados, considerando as matrizes energéticas disponíveis internamente, emissões, eficiência energética, conectividade e segurança veicular.
Sua elaboração envolveu ao todo 40 engenheiros e outros profissionais das montadoras, dos sistemistas, órgãos governamentais, entidades correlatas e academia. Besaliel Botelho, presidente da AEA, diz que esse estudo histórico agora faz parte da longa trajetória de 36 anos da entidade à frente da condução das principais discussões técnicas do setor automotivo brasileiro.
“Uma contribuição inestimável”, destaca. Este whitepaper parte do princípio de que, diferentemente do restante do planeta, o Brasil é muito rico em matrizes energéticas, em especial por biocombustíveis, como etanol e diesel verde, e gás natural. E por ter dimensões continentais, precisa conhecer a realidade da capacidade de investimentos em infraestrutura se considerada somente a eletrificação veicular”.
Botelho admite que o híbrido flex, já existente no Brasil, é uma ponte inteligente na trilha para o veículos elétricos. “Na nossa visão, isso vai ganhar força aqui no País. Vamos ser protagonistas na bioeletrificação, vamos caminhar para um híbrido cada vez melhor”, comentou o presidente da AEA, complementando que o combustível fóssil ainda será dominante mundialmente por um tempo, o que só reforça a importância do etanol brasileiro.
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A montadora pioneira em híbrido flex no mundo foi a Toyota, ao lançar no ano passado uma versão do gênero do sedã Corolla. Botelho falou também sobre outros combustíveis, como os sintéticos, lembrando que eles são mais caros e podem ser opção em países que não têm outras alternativas, o que não é o caso do Brasil.
Na sua avaliação, não necessariamente o País precisa seguir o caminho da eletrificação, a reboque da tendência internacional, ou apenas o dos biocombustíveis: “O que nos parece mais plausível é o caminho da complementariedade de tecnologias, diante de, ao menos, duas realidades: a análise inseparável da obtenção da energia elétrica e dos biocombustíveis do ´poço à roda´ e do custeio da infraestrutura de abastecimento de energética elétrica”.
Em coletiva virtual realizada nesta sexta-feira, 11, ele lembrou que o início da história do automóvel, há mais de um século, teve a eletrificação como protagonista, mas logo vieram os motores à combustão interna, que se consolidaram.
“Na última década, porém, a eletrificação veicular voltou a tomar fôlego na Europa, Japão, Coreia, China e parte da América do Norte, a ponto de, em alguns países, daqui a 20 anos ser decretado o fim dos veículos com motores â combustão. E é dentro desse contexto que decidimos elaborar o Roadmap Tecnológico Automotivo Brasileiro, para sinalizar como ficará o Brasil”.
Foto: Divulgação/AEA
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