Indústria

Anfavea argumenta adiamento da próxima etapa do Proconve

Associação responde a questionamentos de organizações sociais, embora não revele quanto tempo de prorrogação está em negociação

Alvo de duras críticas de diversas organizações da sociedade civil após solicitação ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ministério Público Federal pelo adiamento da próxima etapa do Proconve, o programa de controle de polução veicular, a Anfavea reforça defesa em seus argumentos.

A covid-19 foi o principal motivo que abriu a negociação. Os protocolos sanitários interromperam os trabalhos que vinham em andamento antes da pandemia. A crise, segundo a associação, afetou as atividades de pesquisa e desenvolvimento, não só em campo e nos laboratórios com a necessidade do distanciamento social, mas também na logística, com entraves no fluxo de fornecimento de insumos, peças e tecnologias.

As novas etapas do programa – L7 para veículos leves e P8 para pesados – estão agendadas para entrar em vigor em veículos novos em janeiro de 2022. Em agosto passado, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, ponderou um adiamento entre 2 e 3 anos, ocasião em que também contabilizou um investimento necessário de R$ 12 bilhões para fazer cumprir as determinações das novas normas ambientais. Agora, no entanto, prefere não estimar um prazo.

“Não estabelecemos datas nas cartas de pedidos ao (Ministério) Meio Ambiente e MPF. Temos é mostrado o impactado na engenharia provocado pela pandemia. Estamos em diálogo para encontrar um prazo”, destacou o dirigente da associação durante entrevista coletiva na terça-feira, 15.

Moraes reitera, no entanto, que a proposta não é acabar com o Proconve, mas apenas uma readequação de data. “Não somos contra. Desde a primeira etapa do programa, em 1988, cumprimos com todas as determinações e não será agora que a indústria não irá entregar o exigido.”

A associação discorre que desde o começo do programa supervisionado pelo Ibama, a contribuição da indústria trouxe melhorias no ar da atmosfera. Dados da Cetesb apresentados pela Anfavea coletados de 2006 a 2019 revelam redução nas emissões. No período, enquanto a frota de São Paulo cresceu 67%, o monóxido de carbono caiu 55%, material particulado, 56%, óxidos de nitrogênio, 31% e hidrocarbonetos, 51%.

“É um resultado fantástico promovido pelo avanço nas tecnologias. E se isso aconteceu em São Paulo, onde circula a maior frota do País, o mesmo ocorreu em outras regiões”, ponderou Henry Joseph Jr., vice-presidente da Anfavea.

A representante da indústria de veículos sustenta que o adiamento não trará prejuízo ao meio ambiente. A justificativa é de que retração no mercado devido à pandemia deve reduzir o volume de vendas de 3 a 4 milhões de veículos em relação ao estimado para o período de 2020 a 2024.

Conforme entende a associação, portanto, mesmo que as vendas de veículos das fases atuais, L6 e P7, sejam prorrogadas, o volume ainda será menor do que aquele previsto pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) na ocasião da aprovação das novas normas, em dezembro de 2018.

Anfavea lembra ainda que outros mecanismos precisam ser adotados para promover amplas melhorias no ar da atmosfera, casos da inspeção técnica veicular e da renovação de frota, atribuições vinculadas a políticas públicas. “A qualidade do meio ambiente não pode depender apenas do Proconve. Queremos um debate saudável e transparente para ajudar efetivamente na redução da poluição atmosférica nas grandes cidades”, resume Moraes.

LEIA MAIS

→Entidade pede ao governo manutenção dos prazos do Proconve

→Anfavea: poder público não cumpriu sua parte no Proconve.

→Anfavea explica proposta de adiamento do Proconve

→Anfavea renegocia prazos do Proconve e do Rota 2030


 

Compartilhar
Publicado por
Décio Costa

Notícias recentes

2025, o ano da decolagem dos eletrificados “made in Brazil”

Além da Toyota, Stellantis e BMW já iniciaram produção local. Outras marcas, incluindo as chinesas,…

% dias atrás

2024, um ano histórico para o setor automotivo brasileiro

100 mil novos empregos na cadeia e anúncio de investimento recorde de R$ 180 bilhões…

% dias atrás

XBRI Pneus anuncia fábrica em Ponta Grossa

Operação recebe aporte de R$ 1,5 bilhão e atenderá indústria e mercado de reposição com…

% dias atrás

Iveco avança em conectividade com o S-Way

Transporte rodoviário de carga

% dias atrás

2025 promete vendas em ascensão: até 3 milhões de unidades.

Em 2024 já faltou pouco para superar o resultado de 2019, último ano pré-pandemia; AEA…

% dias atrás

BMW produzirá seis novas motos em Manaus em 2025

Primeiro modelo chega às revendas no primeiro trimestre. Produção crescerá 10%.

% dias atrás