Os fabricantes de caminhões têm muito menos a reclamar de 2020 do que as montadoras de automóveis. Graças, sobretudo, ao agronegócio, que seguiu demandando modelos pesados, produção e vendas desses veículos recuaram bem menos do que a própria Anfavea chegou a projetar há cerca de seis meses, ainda sob os primeiros impactos da pandemia.
Em julho, a entidade estimou recuo da ordem de 42% para a produção anual. O balanço ao final de dezembro, porém, indicou que 90,9 mil caminhões saíram das linhas de montagem nos últimos doze meses, 19,9% menos do que em 2019.
O resultado superou até mesmo a produção registrada em 2017 (83 mil unidades), quando o mercado interno começara a se recuperar da crise do ano anterior e que limitara as vendas internas a 51 mil unidades, o menor patamar da década.
Só em dezembro foram fabricados perto de 10,5 mil caminhões, 75% a mais do que em igual mês de 2019, afetado, em parte, pelas tradicionais folgas de fim de ano nas fábricas. “Foi o melhor dezembro desde 2011”, enfatiza Marco Saltini, diretor da Anfavea,
O ritmo acelerado das linhas, reforça o dirigente, refletiu o movimento nas concessionárias, que negociaram 9,8 mil caminhões no mês, 7,6% a mais do que em novembro e 14,4% acima de um ano antes. A exemplo da produção, as vendas no mês não tinham sido tão grandes há muito tempo, desde 2014.
No ano, o mercado interno absorveu 89,7 mil caminhões leves e pesados, apenas 11,5% abaixo de 2019. “Bem melhor do que se esperávamos [com a pandemia]. 2020 superou até 2018”, destaca Saltini, referindo-se-se aos 76 mil caminhões negociados no País dois anos antes.
Se os números consolidados em 2020 até surpreenderam positivamente diante do que a indústria chegou a temer, as projeções para 2021 mostram um cenário muito melhor.
A Anfavea revelou nesta sexta-feira, 7, que espera vendas na faixa de 101 mil unidades, 15% a maiores portanto. Se assim for, o mercado interno repetirá o volume de 2019, o melhor ano pós-crise iniciada em 2015.
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Para a produção de todos veículos pesados, considerando também os ônibus, que somaram somente 18,4 mil unidades em 2020 — o pior resultado desde 1999 — , a entidade calcula avanço ainda mais significativo, de 23%: chegará a 135 mil unidades contra as 109 mil do ano passado. Algo como 20 mil unidades serão exportadas, 16% a mais do que em 2020.
A Anfavea alerta, porém, que as projeções levam em conta as várias incertezas que ainda persistem sobre o curto prazo, como a fragilidade do mercado de trabalho, dificuldades logísticas e especialmente a extensão da crise sanitária.
Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade, destacou como fatores de risco para os negócios ainda a elevação da caraga tributária e os preços pressionados pelo aumento dos custos dos últimos meses.
Foto: Divulgação
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