Motor fundamental para fazer a roda da economia girar, o segmento do transporte rodoviário de carga atravessou 2020 em ritmo de crescimento, apesar da crise sanitária. De acordo com relatório elaborado pela FreteBras, plataforma de oferta de cargas, o volume de frete rodoviário cresceu 62% no ano passado em relação a 2019, com mais de 6 milhões de viagens ofertadas em 95% do território nacional
O estudo foi concebido na base de dados da plataforma que reúne 470 mil caminhoneiros e 12 mil empresas, dentre embarcadores e transportadores com oferta de frete, além de coleta de informações em organizações públicas e privadas.
A despeito da alta observada, não significa que o transporte rodoviário de carga não tenha sentido os efeitos da pandemia. Na primeira metade do ano, o volume de frete chegou a registrar queda de 8% do primeiro para segundo trimestre, impacto inicial ocasionado pelas medidas de segurança contra a covid-19.
No segundo semestre, no entanto, a oferta de carga acelera, impulsionada especialmente pelo escoamento da safra recorde, segmento de registrou um aumento de 82% no volume de frete no último trimestre de 2020, encerrando o ano com 71% de crescimento.
“Embora os produtos agrícolas tenham sido os maiores destaques na oferta de frete a partir da segunda metade do ano, há de se considerar também crescimentos no e-commerce, nos fretes de material de construção e produtos industrializados”, observou Bruno Hacad, diretor de Operações da FreteBras durante apresentação do relatório, na quarta-feira, 27.
Segundo aponta o estudo, a demanda de fretes no mercado de insumo, o que inclui o da construção, cresceu 90% na comparação com 2019, com destaque para as transferências de cimento que cresceram 105,5% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior.
“O cenário positivo da indústria, com a baixa da taxa básica de juros e o lançamento de novos produtos de crédito imobiliário por parte das instituições financeiras, tornaram o acesso a empréstimos mais barato, o que aqueceu o setor”, justificou Hacad. “A alta demanda no terceiro trimestre, no entanto, impactou na falta de produtos, desacelerando o volume de frete nos últimos três meses do ano, em queda de 29%.
No caso de produtos industrializados, seara que reúne alimentos, máquinas e equipamentos, papel e celulose e aço, o relatório aponta uma recuperação após uma queda perto de 20% durante os primeiros meses do ano. O segmento, no entanto, chegou a computar alta de 117% na movimentação de mercadorias no terceiro trimestre, encerrando 2020 com contando 50,9% a mais de viagens em relação a 2019.
Para 2021, a FreteBras acredita na continuidade do crescimento no volume de frete contrato. Estão no horizonte, a tendência de mais uma safra recorde, o aumento das vendas online e a expectativa de recuperação da economia. “Deve ser um ano ainda de muitos desafios, mas favorável para o transporte rodoviário de carga”, resumiu Hacad.
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