Aindústria automotiva iniciou 2021 com números positivos em termos de produção, mas no material de divulgação do balanço do setor a Anfavea destaca que ainda há pouco a comemorar. Fatores como a falta de alguns insumos – em especial semicondutores -, o baixo estoque de veículos e o agravamento da pandemia ainda trazem preocupações, limitando uma visão mais clara do que acontecerá nos próximos meses.
“São fatores preocupantes”, diz o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, destacando como positivo o volume de produção em janeiro, que foi de 199,7 mil veículos, volume 4,2% superior ao de janeiro de 2020. “Houve queda de 4,6% no comparativo com dezembro, mas isso pode ser considerado normal porque as montadoras anteciparam produção por causa das paradas da virada do ano. É um número bom”, enfatizou o executivo.
Também positivo em janeiro o aumento do quadro de mão de obra nas montadoras de veículos, que passou de 101,2 mil empregados para 103,4 mil, alta de 2,5% em janeiro sobre dezembro. “São 1,2 mil vagas a mais no mês, a grande maioria por parte de montadoras de veículos pesados e envolvendo contratações temporárias por prazos de 6 meses ou 1 ano”, informa Moraes.
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Isso significa que o setor ainda está receoso, sem sinalizações claras de que a retomada veio mesmo para ficar. Com relação aos semicondutores, o presidente da Anfavea lembra que a produção do componentes é toda concentrada em países asiáticos e a falta do produto, também utilizado em outros setores, como o de eletroeletrônicos, é mundial.
“Embora ainda haja falta de alguns insumos, no momento esse é o principal problema. Estávamos imaginando que o problema do desabastecimento poderia diminuir neste primeiro trimestre, mas a questão dos semicondutores realmente está preocupando”.
Assim como a produção, também as exportações cresceram em relação a janeiro do ano passado. Foram embarcadas 25 mil unidades, com crescimento de 21,9% nesse comparativo. Com relação a dezembro, no entanto, houve queda de 34,8%.
Já o licenciamento total de 171,1 mil veículos no mês passado representou desempenho negativo nos dois comparativos, de, respectivamente, 11,5% e 29,8%. Vale notar, no entanto, que janeiro deste ano teve dois dias úteis a menos do que idêntico mês de 2020, com a queda na média diária de vendas sendo de apenas 1%. De qualquer forma, os reajustes nos preços dos carros e o aumento do ICMS em São Paulo podem ser fatores de desaceleração das vendas nos próximos meses, admite Moraes.
Os estoques nos pátios das montadoras e das redes limitam-se atualmente a 100,8 mil unidades, o equivalente a 18 dias de vendas. Na avaliação do presidente da Anfavea, a tendência é a de o setor caminhar a partir de agora com estoques menores do que antes.
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“O consumidor deverá se acostumar a programar sua compra, com reflexos positivos na cadeia como um todo. Montadoras e concessionários reduzirão custos com estoques e poderá haver melhor planejamento da produção, com vantagens inclusive para os fornecedores”.
Foto: Divulgação/VW
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