A Stellantis começou muito bem — muito bem mesmo! — sua história na América do Sul. A empresa, constituída mundialmente há menos de um mês a partir da fusão da FCA com o Groupe PSA, já foi a líder de vendas em janeiro na região ao negociar 64 mil automóveis e comerciais leves das marcas Fiat, Jeep, Ram, Peugeot, Citroën e DS — 22,6% do total vendido no subcontinente.
A grande maioria, naturalmente, no Brasil e Argentina, os maiores mercados regionais. Juntos, eles absorveram 59,3 mil veículos da Stellantis. Só os brasileiros consumiram quase 45,7 mil unidades, em especial de duas das marcas originalmente pertencentes à antiga FCA.
A Fiat liderou as vendas aqui com expressivos 19% de participação e 30,9 mil veículos licenciados, enquanto a Jeep, com 12,1 mil unidades, abocanhou fatia equivalente a 7,5% , recorde histórico que lhe valeu também a inédita quinta colocação no ranking das marcas mais vendidas no País.
Peugeot e Citroën, os nomes de maior presença vindos da PSA, contribuíram com bem menos para a satisfação de Antonio Filosa, ex-CEO da FCA na América Latina e agora com a mesma atribuição na Stellantis. As duas marcas acumularam 7,8 mil veículos nos dois mercados, sendo 5,4 mil, perto de 70%, negociados na Argentina e somente 2,4 mil no Brasil.
Essa tímida participação das marcas francesas no maior mercado sul-americano e é problema antigo e, com certeza, a herança regional mais indigesta da PSA para a nova montadora e o grande desafio de curto prazo para equipe comandada por Filosa.
O executivo, contudo, já deixou claro que a empresa tinha definido há tempos, ainda como PSA, importante passo no sentido de reverter esse quadro ao confirmar, apenas duas semanas depois da fusão global, a produção de mais um automóvel na fábrica de Porto Real, RJ, a partir de meados deste ano.
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Extra-oficialmente, trata-se de SUV compacto que substituirá, ao mesmo tempo, os já veteranos Citroën C3 e Aircross. Esse novo Citroën, mais o recém-lançado Peugeot 208 e também a anunciada picape grande Peugeot Landtrek, que deve estrear no Brasil em 2022, se somarão a um pacote ainda mais robusto de lançamentos Fiat e Jeep, confirmados para 2021, e representarão outro desafio, só que agora para os concorrentes.
Como evitar que a Stellantis abra ainda mais vantagem nas vendas sul-americanas nos próximos anos, quando todas as marcas do grupo compartilharão plataformas, tecnologias e partirão de base de custos potencialmente otimizada pela escala? Em janeiro, é bom recordar, cinco dos dez veículos mais vendidos no Brasil pertenciam à empresa. E o arsenal de novidades da Stellantis para as operações do Mercosul é poderoso e abrangerá tecnologias e novos veículos.
Além de motores turbo para diversas versões de seus modelos e da atualização da picape Toro, a Fiat lançará seu primeiro SUV no segundo semestre. Produzido em Betim, MG, será também o primeiro representante da marca na categoria de maior volume de vendas aqui, responsável por um terço dos licenciamentos de automóveis em 2020.
“Hoje a Fiat participa de segmentos que prepresentam 60% das vendas no Brasil. Devemos chegar a 80% com os utilitários esportivos”, calcula Herlander Zola, diretor do brand Fiat para a América Latina, já computando também o segundo utilitário esportivo que será lançado no ano que vem em segmento acima. “É um veículo que surpreenderá o mercado”, acrescenta.
Zola não duvida que a liderança de mercado alcançada em janeiro e também em três meses do ano passado, após um hiato de cinco anos, pode ser consolidada ao longo de 2021. Cita como indícios, além dos lançamentos, que incluem ainda o importado 500 elétrico, o primeiro ano cheio de vendas da Nova Strada, picape líder de vendas e que tem gerado fila de espera, e os próprios números internos da montadora em janeiro.
Se mais carro tivesse, mais a marca venderia, assegura Zola. “Apesar da queda do mercado, muito em função de lockdown em cidades como Belo Horizonte e também em São Paulo e no Rio de Janeiro, os pedidos intenros continuaram no mesmo ritmo de dezembro”, afirma o diretor da Fiat, que reconhece ainda a dificuldade momentânea de colocar nas revendas algumas versões em decorrência de falta de componentes.
Everton Kurdejak, diretor de Operações Comerciais Jeep no Brasil, não está menos otimista. Ao contrário, vislumbra que a marca poderá superar em 2021 a participação média anual recorde de 5,6% alcançada no ano passado.
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Os 7,5% registrados em janeiro podem ser episódicos, mas a meta de penetração não revelada não está tão distante, talvez a meio caminho. “A ideia é subir de patamar”, confirma Kurdejak, que assumiu o cargo em janeiro.
A confiança do diretor da Jeep já leva em conta a chegada de fortes concorrentes para seus dois veículos nacionais, responsáveis por 99% dos licenciamentos da marca. Para responder aos ataques de modelos como os futuros VW Taos, Toyota Corolla Cross e novo Nissan Kicks, dentre outros, a marca também introduzirá motores flex turbo e versões eletrificadas importadas nas linhas Renegade e Compass, que também passará por atualização estética até a metade do ano.
Mas não é só. Já em 4 de abril — o dia 4×4, como a Jeep nomeia a data —, a Stellantis apresentará o terceiro modelo que sairá da linha de montagem de Goiana, PE, somente no segundo semestre. Maior que o Compass e com sete lugares, o novo SUV deve assegurar algumas centenas de unidades vendidas adicionalmente à Jeep a cada mês.
Foto: Divulgação
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