Só em 2020 a matéria-prima subiu 86%. Implementadores não conseguem repassar custos e preveem que retomada será mais difícil.
A Anfir, Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários, emitiu nota nesta sexta-feira, 12, questionando os excessivos aumentos no preço do aço em todo este período de pandemia, informando que só em 2020 a alta foi de 86%, índice que os fabricantes de reboques, semirreboques e carrocerias sobre chassis não conseguiram repassar ao preço final.
Na avaliação da entidade, novos reajustes neste momento são totalmente inoportunos e só vão prejudicar a retomada dos negócios do setor. “É a pior notícia que poderíamos receber em meio a recuperação. O País está saindo do quarto ano de crise e não tem cabimento aumentar preço de matéria-prima. Isso vai quebrar o ritmo de recuperação e vamos retroceder. Os clientes não têm como absorver novos aumentos”, diz Norberto Fabris, presidente da Anfir.
De acordo com o executivo, o aço tem uma participação na produção das empresas da área de até 70%. “Não temos condições de absorver esse custo e seremos diretamente prejudicados”, alerta o executivo, explicando que a indústria de implementos rodoviários opera com carteira de cobrança não indexada, ou seja, os valores são fixos.
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“Indexar a carteira é uma prática onde quem vende protege seus ganhos contra eventuais flutuações de mercado, como reajustes de matérias-primas, repassando ao cliente esse custo. Como não dá para repassar aos clientes, os aumentos serão absorvidos pelos fabricantes, o que em termos práticos quer dizer que o reajuste vai prejudicar à saúde financeira das empresas”, destaca Fabris.
Sobre os quatro anos de crise, o presidente da entidade esclarece que três foram consequência da retração da atividade econômica no País e um causado pela pandemia. Vale lembrar que o setor conseguiu fechar 2020 com pequena alta nos negócios e começou 2021 com vendas em alta.
Apesar de divulgar a nota questionando a viabilidade de novos reajustes, a Anfir não revelou o índice que vem sendo pleiteado pelos fabricantes de aço neste início de ano. De qualquer forma, Fabris enfatiza que o efeito negativo não ficará restrito à indústria:
“A situação do transportador também é complicada porque o valor do frete está estagnado, o que impede o repasse de eventuais aumentos aos clientes. Essa conta, portanto, será dividida entre fabricantes e transportadores que poderão ser financeiramente prejudicados”.
Foto: Divulgação/Anfir
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