Apesar da queda, entregas ao Caminho da Escola e negócios externos promoveram desempenho menos desfavorável
Balanço financeiro do ano passado consolidado apresentado pela Marcopolo na quinta-feira, 25, aponta uma queda 17,8% na receita líquida da empresa, para R$ 3,6 bilhões ante R$ 4,4 bilhões obtidos no exercício de 2019. Na composição do resultado, os negócios no mercado interno representaram participação de 50,6% (R$ 1,8 bilhão).
O EBITDA chegou a R$ 268,5 milhões frente a R$ 338 milhões apurados no ano anterior, com margem de 7,5%, 0,2 ponto porcentual a menos em relação a 2019. Nos resultados consolidados, o lucro líquido alcançou R$ 90,7 milhões, valor 57,2% inferior ao anotado em 2019, quando a empresa realizou R$ 212 milhões.
O desempenho reflete o impacto negativo provocado pela pandemia no transporte de passageiros, o mais prejudicado do setor automotivo. As operações urbanas das redes públicos chegaram a perder mais de 70% dos passageiros, como também o segmento rodoviário sofreu com redução de viagens.
De acordo com a empresa, no entanto, ainda que em ambiente desafiador, as entregas ao programa do Caminho da Escola e os negócios externos providenciaram cobertura para um desempenho menos desfavorável.
“Houve uma interrupção do processo de recuperação de volumes experimentado desde 2018, mas uma queda maior foi evitada com as entregas para o programa federal Caminho da Escola, que respondeu por 38,8% dos nossos volumes vendidos no Brasil. Ao todo, entregamos 3.472 unidades ao programa. O ritmo de entregas deve permanecer no primeiro trimestre de 2021”, afirma em nota José Antonio Valiati, diretor financeiro e de Relações com Investidores da Marcopolo.
Enquanto a produção brasileira de ônibus contraiu 26,7%, para 16,7 mil unidades, conforme dados da Fabus, a federação que representa as fabricantes do segmento, a Marcopolo participou com 10,7 mil unidades produzidas, fatia acima de 64%, um ganho de 6 pontos porcentuais em relação a 2019, quando encerrou o período com 58,4% na produção nacional.
Ao somar a produção das controladas no exterior, a companhia contabilizou 12,3 mil unidades construídas, em queda de 21,8% na comparação com o volume no ano passado, de 15,7 mil ônibus. Do total, 87,5% foram veículos montados no Brasil e os demais 12,5% no exterior.
O relatório de resultados ainda destaca as entregas para o serviço de fretamento, sustentando demandas do segmento de ônibus rodoviário, ainda que concentrando vendas em produtos mais leves. Também aponta como favorável no resultado, especialmente no quarto trimestre, a venda de sua participação na indiana Tata Marcopolo Motors.
Para 2021, a empresa espera crescimento a partir do segundo semestre, impulsionado pelo segmento rodoviário com o retorno do turismo regional. No mercado de urbanos, a companhia enxerga uma retomada mais lenta em função da dependência do crescimento econômico, mas também pode continuar a ser beneficiado pelo programa Caminho da Escola.
Segundo a companhia, as exportações devem continuar beneficiadas pela desvalorização do real, promovendo mais competitividade. Espera ainda incremento de volumes nas vendas internacionais na medida do enfraquecimento da pandemia.
“Países importadores, especialmente os localizados na América do Sul, indicam renovações importantes para 2021, sendo o Chile o principal expoente. A África continua sendo um destaque positivo e a companhia negocia novos pacotes relevantes para o ano”, resume Valiati.
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