Volumes pequenos, mercado instável, capacidade ociosa acima dos 70%, índice de nacionalização naturalmente baixo e componentes importados adquiridos em moedas com a cotação nas alturas. Uma receita dessas não sugere investimentos na produção local de veículos de luxo. Pelo contrário, é um cadinho de atrativos para a importação desses modelos.
Se Audi e Mercedes-benz chegaram a essa conclusão e decidiram abastecer o mercado brasileiro apenas com produtos importados desde o ano passado, a concorrente direta BMW parece nenhum pouco de acordo. Tanto que decidiu aumentar a produção em Araquari, SC, em 2021 para suprir um projetado crescimento das vendas ao longo deste ano.
Da linha de montagem catarinense deverão sair perto de 10 mil veículos em 2021, comunicou a empresa nesta terça-feria, 2. Trata-se de volume 10% maior do que o registrado no ano passado e um dos melhores desde a inauguração da planta, em outubro de 2014. A melhor marca foi atingida em 2017, quando perto de 12 mil veículos foram montados.
Naquele ano, porém, parte relevante se deveu a contrato pontual de exportação do utilitário esportivo X1 para os Estados Unidos, negociação definida ainda no ano anterior. Desde então, a BMW tem vendido anualmente, em média, 8 mil unidades no Brasil, com 80% supridos por veículos fabricados em Araquari.
O sedã Série 3 é o grande destaque. Líder de vendas da marca, respondeu por perto de 5 mil dos mais de 12,4 mil automóveis nacionais e importados vendidos em 2020 – outros 3 mil foram do X1.
“O aumento de produção é uma forma de suprir o aumento de demanda do mercado brasileiro e de apoiar nossa liderança no mercado premium nacional”, diz Mathias Hofmann, diretor geral da fábrica de Araquari. “Importante começar a retomar nossos volumes e otimizar nossas instalações em tempos tão desafiadores”, acrescentou o executivo.
Ao dizer que “é importante começar a retomar” os volumes, Hofmann indica, quase subliminarmente, que seguir produzindo veículos no Brasil tem sido, na verdade, mais uma aposta de médio prazo da BMW do que propriamente uma mera opção.
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Araquari tem capacidade produtiva instalada da ordem de 32 mil veículos anuais. Tem trabalhado em apenas um turno e não precisará agregar mais mãos para crescer a produção. Caso chegue aos 10 mil fabricados em 2021, ainda assim estaria abaixo de 30% de ocupação, índice que nem de longe faz sorrir os acionistas.
De qualquer forma, diz a BMW, manter e até aumentar a produção, mesmo com tantos fatores negativos, tem sido uma maneira de assegurar o atual quadro de funcionários da ordem de 1 mil trabalhadores do grupo — uns 7% na planta de motocicletas de Manaus, AM — em um período em que as dúvidas prevalecem sobre qualquer horizonte.
Foto: Divulgação
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