Foram emplacadas apenas 38,3 mil unidades em fevereiro, queda de 26,7% sobre o mesmo mês de 2020
Como diz velho ditado popular, o tiro saiu pela culatra. O aumento do ICMS dos veículos em São Paulo, de 12% para 13,3% a partir de 15 de janeiro, provocou forte retração no mercado automotivo do Estado, com risco de perda de arrecadação ao invés de alta, conforme já haviam alertado lojistas e concessionários de novos e usados locais.
Ante queda de 17,8% de retração no mercado de carros e comerciais leves no País, as vendas em São Paulo retraíram 26,7% no comparativo de fevereiro deste ano com o mesmo mês de 2020, baixando de 52.285 para apenas 38.262 unidades. No acumulado do bimestre a queda em idêntico comparativo é de 19,4%, com, respectivamente, 94,3 mil e 76 mil emplacamentos.
“Todos saíram perdendo com a alta do ICMS: consumidor, empresários, empregados e o próprio Governo de São Paulo que, certamente, não terá aumento de arrecadação, pois há tendência de os negócios serem realizados fora do Estado, onde o ICMS é menor”, alerta o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.
O empresário lembra ainda que o aumento de 207% do ICMS dos carros usados, de 1,8% para 5,53%, vem tornando os negócios das concessionárias e lojistas de São Paulo quase que impraticáveis, visto que a movimentação nesse segmento é fundamental para o incremento das transações com os veículos 0 km.
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No País todo, o mercado de automóveis e comerciais leves totalizou 158.237 unidades, com redução de 17,85% em fevereiro do ano passado (192.610). O Estado de São Paulo contribuiu para essa redução, pois representa 1/4 das vendas nacionais. No acumulado do bimestre, a retração foi de 14,8%, com 320.793 licenciamentos este ano, contra os 376.722 do mesmo período de 2020.
Com relação ao mercado como um todo, o presidente da Fenabrave cita dois outros fatores que impactaram as transações de veículos em geral: a redução da oferta pela montadoras, por causa da falta de matérias-primas e componentes, principalmente semicondutores, e o aumento dos casos da Covid-19, que voltou a fechar ou restringir o comércio em várias cidades do País.
“Na indústria, mesmo com os esforços das montadoras para aumentar a produção, a falta de disponibilidade de peças e componentes ainda persiste, gerando paralisações de algumas fábricas, o que afeta temporariamente a oferta de produtos”, comenta Assumpção Júnior, prevendo um mês de março ainda mais difícil do que o de fevereiro, por causa dessa questão do desabastecimento e também da pandemia.
Apesar das dificuldades do momento, a Fenabrave ainda mantém projeção de um crescimento do mercado total de veículos no País da ordem de 16,6%. “Tudo vai depender da questão do abastecimento de peças e componentes e da questão da saúde. Há uma expectativa de que as coisas melhores a partir de abril e, caso isso, ocorra, o mercado pode se recuperar e até crescer até o final do ano”, avalia o presidente da entidade.
Foto: Pixabay
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