A Stellantis escolheu Carlos Tavares, CEO global, para, simbolicamente, iniciar a produção dos motores GSE turbo na fábrica de Betim, MG, nesta quarta-feira, 10, dia também em que o complexo mineiro inicia período de férias coletivas de 10 dias para um turno de trabalho por falta de peças (LEIA AQUI )
Foi a primeira visita ao Brasil do executivo português depois da fusão mundial da FCA com a PSA em janeiro. Tavares, contudo, conhece bem o País e o mercado regional. Desde 2013, quando assumiu a montadora francesa, então sob risco de falência, visitou diversas vezes as operações do grupo na América do Sul para, de perto, acompanhar a implementação dos planos globais “Back to the Race” e “Push to Pass”.
Articulado por Tavares, os programas cortaram capacidades produtivas em vários mercados, reduziram quadros de funcionários das fábricas e eliminaram linhas de produtos, mas trouxeram de volta, em pouco tempo, a lucratividade e a capacidade de investimento, reviravolta que permitiu a aquisição da Opel em 2017 e facilitou a própria união com a FCA, anunciada no fim de 2019 e concretizada este ano.
Os novos motores chegarão às ruas brasileiras ainda em meados deste ano a bordo de vários veículos do grupo, dentre eles o primeiro SUV da Fiat e os Jeep Renegade e Compass. Mas a Stellantis foi uma das últimas montadoras a apostar nos turbos aqui — já quase uma obrigação para a competitividade comercial, mesmo em segmentos de entrada, e explorados pela concorrência largamente.
Ainda assim, a crise de mercado gerada pela pandemia provocou atraso de quase um ano no lançamento da tecnologia. Em 2019, a então FCA anunciou aporte de R$ 500 milhões para a construção da nova linha de motores em Betim e que entraria em operação em 2020 com capacidade produtiva inicial de 100 mil unidades anuais.
O então CEO mundial da FCA, Mike Manley, que nesta quarta-feira participou da cerimônia de inauguração como responsável da Stellantis nas Américas, revelou à época que um contrato com a matriz asseguraria a exportação de mais de 400 mil motores para a Europa até 2022, volume que envolveria os motores turbo de três cilindros 1.0 e de quatro cilindros 1.3, ambos com versões flex e a gasolina — e já fabricados pelo grupo na China e Polônia — e unidades das famílias Fire e Firefly.
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A capacidade, assegura agora a Stellantis, foi mantida e começa a ser ocupada imediatamente com a versão de quatro cilindros. O valor investido até o momento, porém, é declarado em R$ 400 milhões, incluindo recursos de fornecedores. Os R$ 100 milhões restantes serão aplicados no transcorrer deste ano para o início de fabricação do três cilindros 1.0, afirma a empresa.
“A Stellantis abre uma nova era para nossa presença sustentável na América Latina e o início da produção desse motor GSE turbo de classe mundial é uma grande notícia para a economia brasileira”, limitou-se a afirmar Tavares em nota oficial.
A nova planta de motores ocupa cerca de 12 mil m² e engloba linhas de usinagem de cabeçote e bloco de motor, além da linha de montagem. Para operá-la foram destacados 350 funcionários. Segundo a Stellantis, Betim agora é o maior centro de produção de conjunto mecânico da América Latina, com capacidade anual de 700 mil motores e 500 mil transmissões.
Foto: Divulgação
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