Mercado

Com estoques reduzidos, cresce a fila de espera por alguns veículos

No caso da Fiat Strada, tempo varia de 120 a 150 dias. Gargalos na produção reduzem oferta e camuflam quadro real do mercado brasileiro.

Considerado a metade do normal para atendimento adequado do mercado, o estoque de veículos na rede de concessionárias ficou na faixa de apenas 13 dias de venda em abril, o equivalente a 72,8 mil unidades. Outras 24,3 mil estavam nos pátios das montadoras, volume suficiente, no total, para 17 dias.

Esse baixo nível, que tem se mantido nos últimos meses, reflete em grande parte os problemas com falta de insumos e componentes, principalmente semicondutores, que vem afetando as montadoras locais e pode até se agravar ainda neste trimestre, como admitiu o presidente da Stellantis para a América Latina, Antonio Filosa.

A consequência no mercado é a escassez de alguns modelos, principalmente aqueles de maior demanda, como é o da líder de vendas em abril, a picape Fiat Strada. Segundo a montadora, a fila de espera pelo produto varia atualmente de 120 a 150 dias, dependendo da região do País. No final de 2020 estava em torno de 90 dias.

No geral, segundo admite a Anfavea, as entregas estão levando de duas a quatro semanas para se concretizarem, situação que tende a se manter inalterada ou até mesmo se agravar nos próximos meses. A General Motors, por exemplo, está com a produção o Onix suspensa em Gravataí, RS, por causa principalmente da falta de semincondutores. Com isso, a venda do carro-chefe da Chevrolet foi fortemente afetada nos últimos dois meses.

Luiz Carlos Moraes, presidente da associação que representa as montadoras no País, admite ser difícil no momento avaliar a atual situação do mercado automotivo local, se ele está mais para comprador ou já risco de retrair-se.

“Não consigo separar o que é de fato demanda e o que é impacto da oferta reduzida por causa da falta de componentes, principalmente semicondutores. Tem muito veículo incompleto saindo das linhas de montagem”, reconhece Moraes, informando que no caso dos caminhões, por exemplo, tem faltado pneus para liberar os produtos para venda.

A Fenabrave, por sua vez, reconhece que o estoque atual equivale à metade do considerado ideal. O presidente da entidade, Alarico Assumpção Júnior, diz que o crédito para financiamentos, embora mais seletivo, continua com uma boa oferta, e a aprovação se mantém em 6,7 fichas para cada 10 enviadas. Ou seja, avalia-se que, a princípio, as vendas internas poderiam estar em patamar maior se a oferta não estivesse prejudicada pelos gargalos de produção na indústria. Mas ninguém arrisca números sobre o efetivo potencial de vendas do setor.

Em abril, foram emplacados 163,9 mil automóveis e comerciais leves, o que representou queda de 7% em relação a março no que diz respeito aos números absolutos. Mas a média diária de emplacamentos foi 6,7% superior ao do mês anterior e no quadrimestre o mercado automotivo segue com desempenho positivo em relação a 2020. Foram licenciadas 663,9 mil unidades no período, alta de 13,7% no comparativo interanual.

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“Com base nesse percentual, que está muito próximo das projeções iniciais que a Fenabrave havia feito em janeiro para todo o ano de 2021 (crescimento de 16%), decidimos ainda não revisar as projeções. Acreditamos que se a produção de veículos for regularizada e houver avanço na vacinação contra a Covid-19, a economia também irá reagir melhor e, com ela, os índices de confiança, empregos, renda e, consequentemente”, destacou Assumpção Júnior.

Também a Anfavea está mantendo as projeções de crescimento para o ano, tanto em produção como em vendas internas e externas. “Não temos previsão por enquanto de rever as metas iniciais. Tudo vai depender da questão de abastecimento e do encaminhamento da vacinação no País”, destacou Moraes.


Foto: Divulgação/Fiat

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Publicado por
Alzira Rodrigues

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