A falta de capacidade de fornecimento de semicondutores para atender a alta demanda da indústria global se apresenta atualmente como o principal gargalo da indústria global. O componente, fundamental nas áreas de telefonia, segurança, computação, infraestrutura e indústria, se destaca na crise como elemento estratégico tanto agora quanto no futuro. Para a Anfavea, a questão se coloca como uma oportunidade para o País pensar em uma política capaz de fortalecer a indústria de transformação com a ideia de localizar mais capacidade de produção de semicondutores.

“Os semicondutores é um trem para o futuro, relevante não só para o setor automotivo, mas para a indústria em geral. Reúne academia, engenharia, tecnologia e eleva o nível de conhecimento. Não há dúvida da importância do agronegócio e da mineração. Mas o País não pode depender somente de commodities. É um erro estratégico não pensar em uma indústria de transformação forte”, resume Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

Em especial no setor automotivo, a dificuldade de fornecimento de semicondutores tem provocado interrupções na produção e na falta de produtos, o que impacta no ritmo da recuperação. De acordo com a análise da associação, o problema não tem solução no curto prazo, mas apenas uma possibilidade de alcançar equilíbrio somente em 2022. “O risco de paradas continua, bem como a dificuldade de planejamento”, observa Moraes.

Pelas contas na mesa do dirigente da Anfavea, o gargalo que hoje tira o sono das áreas de logística e manufatura das montadoras, deverá impactar em perda de 3% a 5% na produção global de veículos, estimada em torno de 84 milhões de unidades em 2021.

Um parque de produção de semicondutores, no entanto, não nasce do dia para a noite. Uma fábrica exige investimento na casa dos bilhões e demanda de dois a quatro anos para começar a operar. Desafio que evoluiu para tratativas iniciais. “Não é o negócio da indústria automotiva, mas já tivemos conversas com fornecedores e Abesemi (Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores)”, adianta o presidente da Anfavea.

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Foto: Anfavea/Divulgação

Décio Costa
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