A indústria automotiva brasileira não está conseguindo acompanhar a demanda crescente do mercado brasileiro. A produção em maio limitou-se a 192,8 mil veículos, com alta inexpressiva de 1% sobre abril, quando 190,9 mil unidades saíram das linhas de montagem das montadoras.
Essa faixa de 190 mil a 200 mil vem se mantendo desde janeiro por causa da falta de semicondutores, que tem provocado paralisações temporárias de parte das fábricas, seja por períodos curtos ou mesmo mais longos, como é o caso da General Motors em Gravataí, RS.
Como define a Anfavea, a produção patina porque há hoje um “teto técnico”, provocado não pela falta de demanda, mas sim pelo desabastecimento global de componentes eletrônicos. E nada indica que o problema será resolvido a curto prazo, ou seja, o risco de novas paradas ao longo deste ano é cada vez maior.
De acordo com o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, o problema atinge vários setores industriais, mas no caso do automotivo a situação é mais crítica porque um único veículo pode ter até 600 semicondutores em seus sistemas eletrônicos de motorização, câmbio, segurança, conforto, entretenimento etc.
No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, a indústria automotiva brasileira produziu 982 mil veículos, o que representou crescimento de 55,6% frente aos 631 mil do mesmo período de 2020. Esse alto porcentual é explicado pelas medidas de isolamento adotadas entre março e maio do ano passado, quando a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil.
O desempenho do mercado interno e o reduzido estoque de apenas 96,5 mil veículos nos pátios das montadoras e das concessionárias, equivalente a apenas 15 dias de vendas, é um indicativo claro de que as montadoras poderiam estar produzindo mais não fossem as limitações do momento. A maioria dos modelos tem hoje filas de espera de semanas, podendo a chegar a seis meses em alguns casos, como acontece com a Fiat Strada.
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Incluindo leves e pesados, foram licenciados 188,7 mil veículos em maio, o que representou alta de 7,7% sobre o mês anterior. A Anfavea destaca a venda de 11,5 mil caminhões, “melhor resultado do segmento desde dezembro de 2014”. Também as exportações estão em alta. Foram embarcadas 37 mil unidades em maio, 9,1% a mais do que em abril.
No acumulado dos cinco primeiros meses, os licenciamentos chegaram a 891,7 mil, um aumento de 32% sobre o volume obtido no mesmo período do ano passado. As exportações totalizaram 166,6 mil unidades, crescimento de 66% no mesmo comparativo.
O nível de emprego caiu em maio com relação a abril, baixando de 104,7 mil para 104,1 mil postos de trabalho. Segundo Moraes, os números refletem principalmente o acordo de demissão incentivada que a Ford fez com seus trabalhadores de Taubaté, SP, e Camaçari, SP. “Chegou inclusive a haver admissões no período, mas o balanço é negativo por causa do fechamento das fábricas da Ford no Brasil”.
Foto: Divulgação/VW
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