A Jeep colocou nesta quinta-feira, 26, uma pulga atrás da orelha dos potenciais compradores do Compass e um desafio para a própria rede de concessionárias da marca. O motivo é o mesmo: a chegada do Commander, SUV de sete lugares fabricado em Goiana, PE.
Isso porque o modelo agora topo da linha nacional chegará às revendas por R$ 200 mil na versão Limited e R$ 220 mil na Overland, ambas com motorização 1.3 turbo flex, e R$ 260 mil na Limited e R$ 280 mil na Overland equipadas com motor 2 litros turbo diesel.
O câmbio é automático de seis e nove velocidades, respectivamente e a tração é 4×4 no caso das equipadas com motor diesel. E mais: sem opcionais ou custos adicionais em função de cor da carroceria ou do acabamento interno.
Com esses valores para lá de competitivos, características técnicas e o elevado nível das tecnologias embarcadas e conectividade, resta saber como os revendedores convencerão parte dos clientes a não migrar das versões superiores do Compass — a mais cara, Trailhawk, custa R$ 235 mil — para o Commander ou, ao contrário, quais motivações os clientes encontrarão para não optarem pelo SUV de maior porte.
Se essa possível canibalização pode ser um (bom) problema para Jeep, representa encrenca bem maior para os concorrentes do segmento. Segundo Alexandre Aquino, responsável pela marca na América Latina, o Commander disputará a preferência dos consumidores, dentre outros, com Caoa Chery Tiggo 8, Volkswagen Tiguan, Toyota SW4, Mitsubishi Outlander, Mercedes Benz GLB — opções que variam de R$ 180 mil a R$ 370 mil.
O executivo, porém, não revela qual sua projeção de vendas para o Commander, que chegará oficialmente às revendas em 7 de outubro. Antes disso, serão negociadas somente 500 unidades em regime de pré-venda e que devem ser entregues aos clientes até o fim de outubro.“Mas queremos liderar o segmento já no primeiro mês de produção”, acrescenta Everton Kurdejak, que comanda as operações comerciais da Jeep no Brasil.
Não deixa de ser um ótimo indicativo do que o Commander pode representar nos licenciamentos da marca. Dentre os modelos citados por Aquino, o líder tem sido o SW4 há tempos. Em 2019, por exemplo, o SUV da Toyota acumulou mais de 13,5 mil licenciamentos, encerrou o ano passado com 9,1 mil e em 2021, até julho, com o mercado em recuperação, superou 7,3 mil unidades, sinalizando a volta ao patamar pré-pandemia.
Não será surpresa, assim, se a Jeep conseguir vender pelo menos 1 mil unidades do novo SUV a cada mês e fortalecer ainda mais sua folgada liderança no segmento, do qual já detém 23% com Renegade e Compass, além das residuais participações dos importados Cherokee e Wrangler.
Apesar dos preços sobrepostos em alguns casos, Aquino entende que o Commander não roubará vendas do Compass de modo significativo. O público e a proposta do produto, justifica, são diferentes. De fato, além dos dois bancos adicionais, porte, espaço interno e equipamentos colocam o novo SUV em outro patamar.
Essas virtudes do novo Jeep começarão a ser conhecidas ainda este ano em outros mercados da América Latina. O modelo, concebido pela engenharia brasileira da Stellantis, é inédito no mundo. Uma versão é fabricada na China, mas, segundo a montadora, totalmente distinta do Commander brasileiro, fabricado sobre a plataforma do próprio Compass e do Renegade, além da picape Fiat Toro.
Foto: Divulgação
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