A indústria automotiva conseguiu manter produção em agosto na faixa de 164 mil, bem próxima à de julho, mas bem abaixo dos níveis tradicionais para o mês. Com as operações prejudicadas pela falta de semicondutores, foi o pior agosto do setor na área produtiva desde 2003.
De acordo com a Anfavea, 11 fábricas sofreram paralisações parciais ou totais por causa desse problema no mês passado. A industria deixou de produzir entre 100 mil a 120 mil veículos no primeiro semestre e nova estimativa da entidade projeta perda na faixa de 240 mil a 280 mil no ano, ou seja, o quadro tende a se agravar ainda mais neste segundo semestre.
Em relação a agosto do ano passado, quando o setor começava a sair do período mais crítico da pandemia e saíram das linhas de montagem total de 210 mil unidades, houve queda de 21,9%. No acumulado dos oito primeiros meses verifica-se crescimento de 33%. A produção atingiu 1.476.100 veículos este ano ante total de 1.109.900 no mesmo período de 2020, período em que as montadoras suspenderam operações por dois ou até três meses por causa das medidas de isolamento social impostas pela Covid-19 a partir de março/abril.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 6, pelo presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, ocasião em que fez considerações sobre a crise política/institucional vivida no País, com reflexos negativos na economia brasileira, que convive com alta da inflação e aumento das taxas de juros, com riscos de retração no consumo e aumento do desempenho, já em nível elevadíssimo.
“Devido à falta de semicondutores, está difícil avaliar a real demanda do mercado diante da oferta reduzida. Mas sem dúvida há risco de desaceleração do consumo no País diante do atual quadro econômico”, comentou o executivo, destacando que tudo que está acontecendo “não ajuda na retomada”.
Com a produção bem aquém do tradicional para esta época do ano, o setor automotivo convive com sérios problemas de falta de produto no varejo. Na virada do mês, havia aenas 76,4 mil unidades disponíveis nos pátios das montadoras e das redes de concessionárias, estoque suficiente para somente 13 dias de vendas, o que explica as filas de espera para vários produtos. Segundo a Anfavea, é o pior nível em mais de duas décadas.
“Essa situação dos semicondutores traz uma enorme imprevisibilidade para o desempenho da indústria no restante do ano. Num cenário normal, estaríamos produzindo num ritmo acelerado nesta época do ano, quando as vendas geralmente ficam mais aquecidas”, afirmou o Moraes. “No ano passado tínhamos boa produção no segundo semestre, mas uma demanda imprevisível em função da pandemia. Neste ano, temos demanda, mas infelizmente uma quebra considerável na produção”.
Por causa da baixa oferta de produtos, o número de emplacamentos segue em queda. Foram 172,8 mil unidades vendidas no mês passado, no pior agosto desde 2005. A queda foi de 1,5% sobre julho e de 5,8% em relação a agosto de 2020. Em meio à retração, alguns segmentos se destacam positivamente. As exportações reagiram em julho sobre agosto, com uma alta de 23,9% e 29,4 mil veículos embarcados.
Foto: Divulgação/Jeep
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