Pela primeira vez na história do mercado automotivo brasileiro a venda de SUVs superou a soma de todos os hatches e sedãs comercializados no País. O feito foi destacado pelo presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, quarta-feira, 8, levando em conta números fornecidos pela Bright Consulting com relação aos emplacamentos do segmento de veículos leves em agosto.
A participação dos SUVs no mês chegou a 37,2%, contra os 37% dos hatches (24,3%) e sedãs 12,7%, num mercado total de automóveis e comerciais leves da ordem de 158,5 mil unidades. Considerando os números da Fenabrave, que leva em conta apenas os veículos de passeio no ranking dos subsegmentos, a fatia dos SUVs atingiu expressivos 49,2%, ou seja, praticamente a metade dos automóveis vendidos no Brasil.
De um total de 119.813 carros comercializados no mês passado, 58.968 foram SUVs. Somados os modelos de entrada mais os hatches e sedãs de todos os tamanhos, as vendas atingiram 57.510, o equivalente a um market share de 48%. As participações nesses casos foram de, respectivamente, 14,43%, 17,31% e 16,6%.
Ao comentar a ascensão estrondosa dos SUVS no mercado brasileiro, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, disse que o atual momento do mercado, marcado pela falta de produtos por causa da escassez de semicondutores, atrapalha uma análise mais detalhada desse movimento e até mesmo das tendências para os próximos meses ou anos.
Mas ele admite dois fatores que possam estar favorecendo a expansão do segmento. Primeiro uma clara preferência do consumidor pelo design e estilo dos SUVs, que se verifica também em outros países. E também pode pesar uma estratégia das montadoras locais de oferecerem veículos de maior valor agregado, que garantem resultado melhor do que o obtido, por exemplo, no subsegmento de entrada.
Certo é que a oferta de novos SUVs não para de crescer e hoje abrange o portfólio de praticamente todas as montadoras com produção local. Estava falando a líder Fiat, que promete ainda para este ano o lançamento do Pulse no mercado brasileiro. Apresentado em abril no final do Big Brother 2021, o modelo ainda não chegou às concessionárias, mas o presidente da Stellantis, Antonio Filosa, garante que está tudo dentro do cronograma.
LEIA MAIS
→Produção de veículos: pior agosto desde 2003.
→Anfavea: crise institucional pode afetar investimentos no País.
→Cross ameaça liderança do Corolla e “turbina” vendas da Toyota
Com a chegada do SUV da marca italiana, certamente o segmento ganhará novo impulso, roubando vendas até mesmo de hatches e sedãs da própria marca. Vale lembrar que ao longo deste ano chegaram novos e importantes modelos ao mercado brasileiro, como o novo Hyundai Creta, o Jeep Commander e o Corolla Cross, que inclusive oferece versão híbrida flex.
É um segmento, assim, que caminha para deter mais da metade do mercado de automóveis no País. No acumulado dos primeiros oito meses do ano, balanço da Fenabrave indica que os SUVs atingiram participação de 41%, ante os 56,13% dos subsegmentos de entrada, hatches e sedãs somados. Num mercado total de 1.047.528 automóveis, foram emplacados 429,5 mil SUVs.
Foto: Divulgação/Fiat
- 2025, o ano da decolagem dos eletrificados “made in Brazil” - 19 de dezembro de 2024
- 2024, um ano histórico para o setor automotivo brasileiro - 19 de dezembro de 2024
- Importações de autopeças avançam 11%, exportações recuam 14% - 18 de dezembro de 2024
Com certeza! Se as montadoras estão elevando o preço de hatches e sedãs para quase o mesmo patamar do dos SUVs, quem irá comprá-los?
Isso desqualifica qualquer pesquisa.
E a razão de tudo isso é simples : como as montadoras querem ter a margem de rentabilidade dos SUVs e carros tecnológicos, mas não tem a coragem de encerrar a produção dos hatches e sedãs pelo temor da opinião pública (que nem é tão exigente assim, afinal de contas), a solução pura e simples é elevar o preço dos pequenos-medios a um valor extremamente desvantajoso, forçando assim o consumidor a migrar para SUV’s leves, médios cross-over, compactos, de grande ou médio porte e outros segmentos a serem inventados, eximindo da culpa todas as montadoras instaladas no país por pararem a fabricação de propósito. Não por acaso a Ford já partiu daqui… Nem é preciso ser da área de marketing ou ter nível superior para perceber isso.