Indústria

Com alta de combustível, “guidão ganha força”, diz Abraciclo

Produção do setor supera 123 mil unidades em agosto, com alta de 30,2% sobre julho. Acumulado do ano é o melhor desde 2015.

O setor de duas rodas, que reage na contramão da crise econômica e já vinha sendo beneficiado pelo aumento dos serviços delivery e da procura por um veículo próprio de baixo custo para fugir do transporte coletivo, ganha agora um novo aliado. “A alta do preço dos combustíveis está levando muitas pessoas a preferirem o guidão”, comentou Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, ao divulgar os dados do setor nesta quarta-feira, 14.

A indústria instalada no Polo Industrial de Manaus, AM, recuperou em agosto produção perdida em julho, quando a maioria das fabricantes de motos concedeu férias coletivas. Saíram das linhas de montagem no mês passado mais de 123,7 mil motos, o que representou expansão de 30,2% em relação ao mês anterior (95.025 unidades) e de 25,8% sobre agosto de 2020 (98.358).

Segundo a Abraciclo, foi o segundo melhor resultado do ano, só perdendo para março, quando foram fabricadas 125.556 motocicletas. Os números, na avaliação de Fermanian, refletem o esforço do setor para atender ao aumento crescente do mercado brasileiro, principalmente por modelos de entrada e de baixa cilindrada, “muito utilizadas como instrumentos de trabalho e transporte de baixo custo”.

Ele admitiu problemas com falta de insumos, devido principalmente ao fechamento de alguns portos em decorrência dos casos da variante delta do coronavírus, mas adiantou que todas as associadas acompanham atentamente as dificuldades na cadeia logística para evitar paralisações.

No acumulados dos oito meses, a produção chegou a 787.610 motocicletas, crescimento de 33,8% na comparação com janeiro a agosto do ano passado (588.495 unidades). É o melhor resultado para o período desde 2015, quando  913.972 unidades saíram das linhas de Manaus.

Ao destacar que o setor reage na contramão da crise econômica, Fermanian citou a alta dos combustíveis como fator de aceleração da demanda, assim como o fato de a moto ser mais barata, ter baixo custo de manutenção e permitir deslocamentos mais rápidos na comparação com os carros. O executivo admitiu, no entanto, o risco de também a indústria de duas rodas acabar sendo afetada diante da alta dos juros, da inflação e dos preços dos produtos.

Com relação às vendas, cujos números foram antecipados pela Fenabrave, agosto fechou com 102.463 emplacamentos, volume 9% inferior ao de julho (112.538 unidades), mas com alta de 6,8% em relação ao mesmo mês do ano passado (95.961 motocicletas). Segundo a Abraciclo, é o melhor resultado para o mês de agosto desde 2014 (111.291 unidades).

“O recuo nas vendas já era esperado devido as férias coletivas de julho que reduziu a oferta de motocicletas no mercado na primeira quinzena de agosto”, explicou Fermanian.


Foto: Pixabay

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Redação AutoIndústria

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