A Volkswagen Caminhões e Ônibus dá mais um passo em sua jornada de eletrificação do transporte. A montadora fechou parceria com a CBMM para desenvolver baterias automotivas de recarga ultrarrápida. O projeto alia as capacidades da montadora, pioneira no País ao produzir em série caminhão 100% elétrico, com as da maior produtora do mundo de produtos feitos com nióbio. No caso de baterias endereçadas para veículos, a iniciativa se revela inédita no globo.

“A parceria é um marco histórico na indústria automotiva, especialmente também por ser no Brasil para desenvolver solução capaz de acelerar a eletromobilidade”, resume Rodrigo Chaves, vice-presidente de engenharia e CTO da VWCO. “Frente a uma infraestrutura deficiente, com poucos eletropostos, o transporte pede recargas rápidas.”

A CBMM está debruçada na ideia de produzir baterias com nióbio há mais de três anos em acordo com a Toshiba, no Japão. De maneira simplista, o metal entra na composição do ânodo da bateria de lítio em substituição ao carbono. Até agora, as pesquisas mostraram potencialidade de desenvolver uma bateria mais durável e de 30% a 50% menor em relações às atuais utilizadas no transporte.

Em termos práticos, segundo Rogério Ribas, gerente executivo de Produtos de Baterias da CBMM, a tecnologia permitirá que 100% do carregamento da bateria seja feito em 10 minutos em comparação às 6 horas necessárias em conjunto similar. “Também terá uma durabilidade de três a quatro vez maior, porque gera menos estresse estrutural quando sendo recarregada em virtude de um melhor desempenho térmico.”

As empresas visam incialmente uma solução para o transporte coletivo de passageiros, operação intensa de rotas definidas e com muitas paradas. “Podemos dimensionar autonomia para 50 a 70 quilômetros com recargas de 6 minutos”, observa o executivo da VWCO. “É certo, no entanto, necessidade da infraestrutura, por exemplo uso de pantógrafos e estações de recargas em garagens e terminais.”

Toda a pesquisa ainda se encontra em fase inicial, mas a CBMM já tem base de conhecimento a partir de 5 mil células feitas com nióbio distribuídas a 30 clientes mundiais. Com a VWCO será a primeira investida para aplicar a tecnologia em veículos elétricos. Até por estar em seus primeiros passos, ainda não se consegue determinar o investimento a ser aplicado. Ribas, no entanto, adianta que a parceria em paralelo com a Toshiba já consumiu recurso na ordem de US$ 15 milhões.

A parceria começa a seguir cronograma no qual a produção das primeiras baterias experimentais comece no mês que vem no Japão. A partir daí teste em laboratórios validarão os ciclos de recarga para amadurecer o produto. A estimativa é de que até o quarto trimestre de 2022, a montadora já tenha a bateria para aplicar em operações reais de transporte.

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Foto: VWCO/Divulgação

Décio Costa
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