AlixPartners definiu nesta quinta-feira, 23, um retrato bem menos agradável da indústria automobilística mundial para o encerramento 2021. A consultoria global projeta agora que as perdas geradas pela escassez de semicondutores serão quase o dobro do que calculou em maio.

A estimativa atualizada é de que, globalmente, o setor deixará de faturar US$ 210 bilhões, contra US$ 110 bilhões previstos há quatro meses. Segundo AlixPartners, a paralisação das linhas de montagem evitou que perto de 7,7 milhões de veículos sejam fabricados ao longo do ano, ante 3,9 milhões da previsão anterior.

“Claro, todos esperavam que a crise dos chips tivesse diminuído mais agora, mas eventos infelizes como o surto da Covid-19 na Malásia e problemas contínuos em outros lugares agravaram as coisas”, justificou Mark Wakefield, colíder global do setor automotivo e prática industrial na consultoria.

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A falta de componentes eletrônicos, afirma Wakefield, é apenas parte das muitas dificuldades enfrentadas na cadeia produtivo e que resultam em seguidas interrupções da produção em vários polos produtores. Ele cita ainda a alta dos preços das commodities – o contrário do que muitos executivos esperavam para este segundo semestre -, mão de obra escassa e a pouca e irregular oferta insumos como resina e aço.

A falta de semicondutores tem até piorado à medida que as montadoras utilizam seus estoques e os fornecedores não conseguem acompanhar a demanda do setor, assim como a de outros setores.  “Daqui para frente, as vendas vão sofrer. Não sofreram mais porque havia estoque suficiente para sacar”, acrescentou, em entrevista, Dan Hearsch, diretor-gerente da consultoria em entrevista.

Na semana passada, a IHS Markit já havia revisto para baixo sua projeção para a produção mundial de veículos leves em 2021.  O novo cálculo da consultoria indica que não mais do que 75,8 milhões de unidades serão produzidas, queda de 6,2% ou 5 milhões de veículos a menos.

Para 2022, a projeção é 82,6 milhões de unidades, 9,3% ou 8,45 milhões de unidades abaixo do esperado inicialmente. O quadro para 2023 também será de queda, diz a IHS: no máximo 92 milhões de veículos deixarão as linhas de montagem, 1 milhão a menos dos cálculos anteriores.

“Esperamos que os níveis de produção possam acelerar à medida que as cadeias de abastecimento voltem ao normal. Se este for o caso, a forte demanda reprimida e a pressão para reconstruir os estoques devem incentivar níveis elevados de produção em 2024 e 2025”.


Foto: Pixabay

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