Segmento enfrenta falta de semicondutores, mas o ritmo no chão das fábricas já mostra volumes bem acima dos anotados antes da pandemia
Após oito meses de crescimentos consecutivos, a produção de caminhões no mês passado perdeu fôlego. Em setembro, a indústria produziu 13,8 mil unidades, em queda de 7,7% em relação a agosto, quando registrou 14,9 mil caminhões produzidos.
Pela avaliação da Anfavea, o motivo é o mesmo que atualmente assombra a indústria global. “Embora o segmento sofra com menos intensidade a falta de semicondutores em relação ao de veículos leves, o de pesados também não está imune”, observou Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea, durante apresentação mensal do desempenho do setor automotivo, na quarta-feira, 6.
Segundo o dirigente, apesar do recuo no mês passado, a produção de caminhões efetivamente se mantém em ritmo em outro patamar. O volume do mês passado, por exemplo, foi 46,5% superior ao de setembro de 2020, quando as linhas montaram 9,4 mil unidades.
Somente pelo recorte de janeiro a setembro, a produção cresceu 61% no período, saiu de 8,5 mil unidades para acima de 14 mil entre junho e agosto.
Com o desempenho de setembro, a produção acumulada mais que dobrou ao superar 118,3 mil caminhões ante os 58 mil produzidos nos nove meses de 2020, um crescimento perto de 104%.
Certamente a alta resulta de uma base muito baixa produzida pelas restrições da pandemia. Mas se comparado aos mesmos acumulados de anos anteriores, a produção se mantém no terreno positivo. O volume de 2021 até setembro foi 53% superior ao mesmo período de 2018 (77,5 mil unidades) e 35% maior ao dos nove meses de 2019 (87,5 mil).
Ônibus – Diferentemente o de caminhões, o segmento de ônibus custa a apresentar recuperação. E, caso, não se deve ao desabastecimento de componentes, mas à baixa de demanda que ainda persiste provocada pela pandemia. No mês passado, a indústria produziu perto de 1,2 mil chassis, volume que representou quedas de 20,7% em relação a agosto (1,5 mil unidades) e de 38,8% na comparação com setembro de 2020 (1,9 mil).
Apesar dos declínios, ao menos a produção acumulada registrou resultado positivo. De janeiro a setembro, saíram das linhas 14,5 mil chassis, alta de 4,9% sobre os 13,8 mil produzido um ano antes.
Para o encerramento de 2021, os desafios persistem. A Anfavea trabalha com dois cenários na produção de pesados, ambos em crescimento. Na estimativa mais conservadora, a entidade considera alta de 58%, para 173 mil caminhões e ônibus produzidos. Sob uma perspectiva mais otimista, a expansão chegará a 60%, com 175 mil pesados.
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Foto: Mercedes-Benz/Divulgação
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