Os licenciamentos de veículos no Brasil cresceram 9,5% no acumulado dos dez primeiros meses de 2021. Tendo em vista a fraca base de comparação de 2020, ano em que as vendas limitaram-se a 1,85 milhão de unidades, quase 26% abaixo das de 2019, a evolução não chega a ser um bom motivo para festa.
Se no passado pesou negativamente, sobretudo, o segundo trimestre, quando as concessionárias mantiveram as portas fechadas por semanas seguidas devido às restrições sanitárias, em 2021 a falta de semicondutores brecou a volta imaginada pelo setor ao patamar de 2019, de quase 2,5 milhões de unidades.
Os impactos desse desacerto logístico têm se refletido em maior ou menor grau a depender do segmento. O desabastecimento das linhas de montagem é mais perceptível nas montadoras de automóveis e, por decorrência, nos emplacamentos de carros de passeio. O segmento cresceu somente 2,6% em 2021, para 1,27 milhão de unidades.
Assim, como responsável pela grande maioria das vendas, tem puxado a média do mercado para baixo e perdido peso no bolo total: se de janeiro a outubro de 2020, os carros representavam mais de 78% dos emplacamentos, em igual período deste ano somaram 73% do total.
Não fosse o fraco desempenho dos carros de passeio, o mercado interno poderia estar bem mais próximo das primeiras projeções da Anfavea, recentemente revistas para pouco mais de 2,1 milhões ou, no cenário mais otimista, com um quarto trimestre de mais fôlego, 2,2 milhões de veículos vendidos em 2021.
Isso porque do lado dos veículos comerciais o cenário é bem outro após os resultados acumulados de janeiro a outubro. As vendas de picapes, aponta levantamento da entidade que reúne os fabricantes, avançaram 32,9%, enquanto a de furgões subiram 37,8%. Mas os licenciamentos de caminhões cresceram ainda mais: nada menos do que 50,4% e ultrapassaram 106 mil unidades!
Somente os ônibus, com discreto crescimento de 3,8% (11,8 mil), e especialmente as vans de passageiros, com recuo de 3%, destoaram dos números favoráveis dos veículos comerciais.
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Marcos Saltini, diretor da Anfavea, enfatiza que a retomada mais vigorosa do mercado de caminhões deve ser avaliada à luz dos fracos resultados de 2020 e que, assim como as de automóveis de passeio, as montadoras de veículos comerciais também têm sofrido com a falta de componentes, especialmente os eletrônicos, que dependem de chips.
“Talvez, pelo menor volume de produção, as fabricantes de caminhões consigam readequar melhor suas linhas do que as de automóveis, que produzem muito mais”, pondera o dirigente.
Foto: Divulgação
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