Antonio Filosa, CEO da operação, projeta crescimento de até 12% do mercado brasileiro de veículos leves em 2022
Os número definitivos serão revelados nas próximas semanas pelo board mundial, mas a operação da Stellantis na América do Sul encerrará 2021, seu primeiro ano, com lucro, mesmo impactada pela crise de fornecimento de componentes que forçou a indústria automobilística a deixar de produzir cerca de 10 milhões de veículos em todo o mundo, algo como 300 mil só no Brasil.
Assim pelo menos deixou transparecer Antônio Filosa, CEO regional da montadora, em entrevista online concedida nesta sexta-feira, 10. “No ano passado fechamos no breakeven [equilíbrio], este ano será melhor. Mas os resultados serão divulgados por Carlos Tavares”, disse, referindo-se ao CEO mundial da quarta maior montadora global, nascida da fusão da PSA Peugeot Citroën com a FCA, Fiat Chrysler Automobiles, e que reúne 14 marcas de automóveis e comerciais leves.
Cinco delas — Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM — são vendidas no Brasil e que, somadas, representara, 23% das vendas de automóveis e comerciais leves na América do Sul. No Brasil, maior mercado da região, a Stellantis deteve 33% de participação de janeiro a novembro, quase 10 pontos porcentuais a mais do que em 2020, antes portanto da consolidação das marcas sob o chapéu da Stellantis, surgida oficialmente em janeiro de 2021.
Filosa credita o salto nas vendas à apresentação de novos produtos e, em boa medida, à destreza da empresa para contornar a falta de semicondutores nos últimos meses, quando outras fabricantes paralisaram suas linhas por mais tempo e com maior frequência no Brasil. “Acho que ganhamos de 2 a 2,5 pontos porcentuais por conta disso”, reconhece.
Mesmo considerando o período eleitoral, continuidade da instabilidade cambial e a pressão inflacionária, o executivo entende que as vendas de automóveis e comerciais leves no mercado interno poderão ficar entre 2,4 milhões e 2,5 milhões de unidades em 2022, 10% a 12% acima deste ano. “Não vejo porque disso não acontecer, ainda que o Brasil sempre reserve surpresas”, ponderou.
E as projeções de Filosa para a própria Stellantis são até melhores. Tanto que as tradicionais férias coletivas na virada do ano nas fábricas de Betim, MG, Porto Real, RJ, e Goiana, PE, terão apenas de uma a três semanas e 970 dos 1,8 mil funcionários que estavam em layoff desde outubro já retornaram ao trabalho no início deste mês.
O restante dos trabalhadores também será reintegrado brevemente, assegura o executivo, que, mesmo sem citar números absolutos, afirma: “Este ano plantamos as sementes para um 2022 de crescimento”.
As sementes plantadas, neste caso, são os novos modelos, atualizações estéticas, versões, tecnologias e serviços apresentados em especial no segundo semestre, como os nacionais Jeep Commander e o Pulse, primeira aposta nacional da Fiat nos SUVs, segmento que responde por mais de 40% das vendas de automóveis no Brasil.
Com o Pulse e um segundo utilitário esportivo de maior porte, que será lançado no ano que vem, a empresa pretende consolidar a atual liderança da Fiat, reconquistada após seis anos.
“Teremos também o novo C3 e muitas outras novidades em 2022”, disse o executivo, referindo-se ao novo compacto da Citroën, já apresentado, mas que estará nas revendas em meados do primeiro semestre.
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Apesar de defender que automóveis híbridos a etanol devem se constituir como a melhor alternativa para a eletrificação da frota brasileira nos próximos oito a dez anos — “é a que cabe no bolso do consumidor, que, infelizmente, não tem o poder aquisitivo dos europeus ou norte-americanos —, o CEO da Stellantis limita-se a dizer que terá a tecnologia produzida aqui, mas desconversa quanto ao prazo em que estará nas ruas.
No momento, a eletrificação do portfólio das marcas da Stellantis se limita a automóveis e utilitários importados da Peugeot, Fiat e Citroën. Versões híbridas plug-in do Renegade e Compass, inicialmente previstas para este ano, chegarão somente em 2022, igualmente importadas.
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