Os números de vendas nos últimos meses já prenunciavam que dificilmente a Stellantis estaria disposta a avançar muito mais com a longa carreira do Uno no Brasil. Nesta segunda-feira, 20, a montadora, que vinha evitando confirmar qual encaminhamento daria ao seu modelo mais vendido na história da marca aqui, oficializou que, após 37 anos, ele deixa de ser produzido.

O modelo sai de linha depois de extas 4.379.356 milhões de unidades produzidas na planta de Betim, MG. Lançado em 1994, o Uno  transformou o papel da Fiat no País, que então tinha tímida participação de mercado com a oferta de modelos da pioneira família 147.

Com ele, chegaram ao mercado também, derivados da mesma plataforma, a picape e furgão Fiorino, a station wagon Elba e o sedã compacto Prêmio, uma linha de produtos que marcou a forte ascensão da marca especialmente na década de 90.

Mas foi o Uno, é bom lembrar, também o primeiro carro popular do Brasil. Com motor 1.0, apresentado em 1990, imediatamente após a mudança da tributação do IPI — então maior para modelos com motores de até 1.000 cm3 de cilindrada —,  determinou o surgimento do segmento que passou a dominar as vendas de automóveis ao longo de toda a década e meia seguinte.

Um segunda geração foi lançada somente em 2010, a mesma que agora encerra a trajetória do Uno com uma série especial, a Ciao. São apenas 250 unidades numeradas e identificadas por uma plaqueta no painel com a numeração. Todas pintadas e na cor cinza Silverstone, com teto, retrovisores externos e spoiler traseiro em preto.

As portas têm maçanetas na cor do veículo e um adesivo lateral com o nome Uno Ciao, um trocadilho com a palavra italiana que também pode significar “olá”, acompanhado da frase “La storia di una leggenda — “a história de uma lenda.

A Fiat dotou a série ainda de rodas de liga leve escuras de 14 polegadas, acabamento  interno bicolor, ar-condicionado, direção hidráulica, quadro de instrumentos com tela de LCD, computador de bordo, sistema de som com rádio bluetooth e entrada USB, airbag duplo e travas e vidros elétricos dianteiros com one touch e antiesmagamento, dentre outros itens.

“Ao longo dos seus 37 anos de mercado, o Uno se tornou um ícone e marcou a vida de milhões de brasileiros. Por tudo que ele representa para a marca e para a história da indústria automotiva, a sua despedida teria que ser à altura, mas em clima de celebração. O Uno foi o veículo mais vendido da Fiat na América do Sul”, enfatiza Herlander Zola, diretor do Brand Fiat América do Sul e Operações Comerciais Brasil.

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Coube ao Uno o pioneirismo em várias frentes no Brasil. Sua primeira geração  inaugurou o conceito “Pequeno por fora, grande por dentro”. Em 1987 chegou o Uno 1.5 R, o Fiat mais rápido da marca, que fazia de 0 a 100 km/h em 12 segundos. Em 1994, o Mille ELX se tornou o primeiro carro popular a disponibilizar ar-condicionado.

No mesmo ano, e em uma época em que ninguém falava em downsizing, a Fiat surpreendeu o mercado ao lançar o Uno Turbo, que aliava performance e eficiência em um modelo que rapidamente se tornou o sonho de consumo dos brasileiros.

Em 2013 chegava ao fim a primeira geração , marcada pela série especial Grazie Mille. Em 2015, o Uno Evolution estreou no país a tecnologia Start-Stop. O Uno ainda inaugurou os motores da família Firefly, nas configurações 1.0 de três cilindros e 1.3.


Foto: Divulgação

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