Após registrar os números mais baixos da história do setor automotivo no final do ano passado, os estoques nas concessionárias voltaram a crescer neste início de 2022. Ante o equivalente a 13 dias de vendas em dezembro, os estoques chegaram a 22 dias em março, conforme informações divulgadas pela Fenabrave nesta terça-feira, 5.
É um nível dentro da normalidade, que a princípio não traz preocupações. Mas é importante lembrar que a oferta das montadoras ainda segue afetada pela falta de semicondutores, o que significa que o volume de carros e comerciais leves estocados na rede de distribuição poderiam ser maiores.
Também é um indicativo de desaceleração do varejo a volta das propagandas com ofertas sobre valores de tabelas, assim como as com taxa de juros zero ou alertando para o risco de o IPI voltar a subir, como está anunciando a General Motors esta semana. Aí também um dado curioso, visto que ao comemorar a redução do IPI a partir de março, a Anfavea não reforçou que a medida, a princípio, valeria por apenas um mês.
A diminuição da alíquota foi prorrogada até o final de abril por meio de decreto do governo federal publicado no final do mês passado, ou seja, a partir de maio os porcentuais podem voltar aos níveis convencionais. José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, prefere ainda não falar em recessão, tanto é que a entidade manteve inalterada a projeções de crescimento de 4,4% no segmento de leves feita no início do ano.
Algo não muito fácil de atingir se for levado em conta o balanço do mês passado e do trimestre. As vendas de veículos leves em março totalizaram 134.904 unidades, alta de 9,6% sobre as 123.035 de fevereiro, mas queda de 23,8% em relação ao mesmo mês de 2021. Conforme dados divulgados pela Fenabrave, o trimestre acumula 374.533 emplacamentos de veículos leves, volume 24,7% inferior ao do primeiro trimestre do ano passado (497.8120).
Na avaliação do presidente da Fenabrave, o desempenho dos três primeiros meses do ano e é reflexo de um conjunto de fatores, nacionais e globais. Ele lembra que apesar de os estoques terem crescido, ainda há fila de espera para alguns modelos. Na sua opinião, é preciso esperar mais três meses para avaliar a real situação do mercado.
“A variante Ômicron afetou a produção de diversos componentes industriais e a venda de veículos no início do ano. Em seguida, houve o conflito entre Rússia e Ucrânia, que deixou muitos consumidores preocupados, especialmente com os preços dos combustíveis, que não param de subir. Essa elevação impacta na decisão de compra dos consumidores de veículos e reflete no desempenho do nosso setor”, avalia o empresário.
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Dentre as notícias boas do primeiro trimestre, a redução temporária de IPI e o lançamento do Programa Renovar, m programa que levará mais segurança às vias brasileiras, pois tem como meta tirar de circulação veículos em fim de vida útil, ou seja, aqueles com mais de 30 anos que hoje representam 26% da frota total de caminhões no Brasil”, explica Andreta Jr.
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