Vendas de eletrificados mais que dobrou em 2022, mas ainda são só 2,6% do mercado
As vendas de veículos eletrificados somaram 9,9 mil licenciamentos no primeiro trimestre, mais que o dobro do registrado em igual período do ano passado. A grande maioria, cerca de 8,6 mil, é de modelos híbridos — que necessitam de carregamento ou geram sua própria energia. Os automóveis movidos exclusivamente a eletricidade responderam pelas outras 1,3 mil unidades.
Apesar da grande evolução, a participação dessas tecnologias é ainda restrita, estão presentes em apenas 2,6% de todos os automóveis e comerciais leves vendidos de janeiro a março. Mesmo assim, as montadoras já anteveem a necessidade de preparar terreno para um contínuo crescimento dos veículos que dependerão de estações de carregamento no futuro.
Estudo do BCG, Boston Consulting Group. indica que híbridos plug-in e elétricos puros poderão representar, em um cenário mais favorável, até 8% dos emplacamentos anuais em 2035 no Brasil. Para que o mercado chegue nessa configuração, porém, a consultoria calcula que a infraestrutura de recarga precisará crescer em ritmo até mais acelerado e bem antes.
Afinal, sem a garantia de abastecimento em todo o território nacional, ficará bem mais difícil convencer o consumidor a abandonar os motores exclusivamente a combustão e, ao mesmo tempo, pagar mais por um automóvel que depende de eletricidade.
As montadoras entenderam o recado e resolveram arregaçar as mangas para tentar assegurar uma rede de pelo menos 154 mil pontos de recarga necessários para, segundo o BCG, dar conta de um frota circulante próxima de 3,2 milhões de elétricos que estarão nas ruas brasileiras até meados da próxima década.
Nesta sexta-feira, 8, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, revelou que representantes das fabricantes de veículos constituíram grupo de trabalho com foco na infaestrutura para a mobilidade elétrica. A ideia é definir, sobretudo, os mecanismos que contribuirão para a aceitação dos veículos eletrificados e estruturação de uma rede de recarga condizente com o mercado a ser constituído.
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O desafio é grande, de qualquer maneira. Segundo Moraes, em 2020, último dado consolidado, o Brasil contava com algo próximo de 1 mil estações de recarga, a quase totalidade fruto de investimentos privados, inclusive de motnadoras e importadores de veículos. No mesmo ano, a Europa dispunha de 225 mil, número que só cresceu desde então.
Dentre os principais objetivos do grupo, assim, estão a definição de rotas prioritárias para a instalação de estações de carregamento rápido em rodovias e a busca de empresas com as quais possam ser estabelecidas parcerias para oferta de mais pontos, como, por exemplo, postos de combustíveis, fornecedoras de energia e concessionárias de rodovias.
Em outra frente, que envolve negociações e muita argumentação técnica junto aos governos federal, estaduais e muncipais, a entidade quer identificar e apresentar oportunidades para estímulos ao uso de veículos elétricos. Moraes cita como exemplos redução de impostos e taxas ou valores reduzidos em pedágios.
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