Há mais de 25 anos no Brasil, onde aportou por meio da participação de um de seus braços, a Carese, que até hoje responde pela pintura no Consórcio Modular da Volkswagen Caminhões e Ônibus em Resende, RJ, a Eisenmann do Brasil está —  pode-se dizer — repintando o quadro de sua própria história aqui.

Originalmente subsidiária da multinacional alemã Eisenmann, a empresa de equipamentos de pintura industrial e automação de fluxo de materiais quase sumiu do mapa depois que a matriz entrou em recuperação judicial em 2019 e passou por processo de fatiamento de suas divisões como forma de se manter viva.

A salvação definitiva da operação brasileira veio há cerca de seis meses, com a compra pela Pentanova, grupo austríaco que já adquirira também os negócios da Eisenmann no México. O nome da nova controladora, inclusive, tende a ser bem mais conhecido no Brasil a partir dos próximos meses, quando será adotado como o único da empresa aqui.

Esse quase recomeço da Eisenmann no Brasil tem como premissas o reposicionamento no mercado automotivo e a ampliação do leque de negócios, com avanços significativos em outros segmentos, como revela Alexandre Coelho, diretor geral da Eisenmann do Brasil.  “A Pentanova se prepara para ser um player de peso nas Américas”, enfatiza o executivo.

eisenmann

O grupo austríaco tem forte presença na Europa e na China. Não por coincidência, era uma das fornecedoras globais da própria Eisenmann e viu na ex-cliente potencial para fincar sua bandeira mais enfaticmaente na América do Sul e, paralelamente, desencadear sinergias produtivas e de desenvolvimento com as divisões do México e Estados Unidos.

Para resgatar o fôlego da operação brasileira, que conta com cerca de 500 funcionários, já estão sendo investidos R$ 15 milhões na modernização e expansão da fábrica de Cruzeiro, SP, inaugurada em 2000. Os recursos permitirão também avanço das exportações, um dos pilares que passarão a ser ainda mais explorados nesta nova fase. Segundo Coelho, a Pentanova já cota projetos na China e poderão ser desenvolvidos e fabricados aqui.

Já para 2022 a expectativa é faturar cerca R$ 200 milhões, um salto da ordem de 33% sobre os R$ 150 milhões apurados no ano passado. Em 2019, as vendas da empresa atingiram R$ 130 milhões, mas declinaram fortemente em 2020, reflexo da crise da então matriz alemã, uma tradicional empresa de fundada em Stuttgart, na década de 50.

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O faturamento ascendente de 2021 e 2022 reflete os esforços para recuperação iniciados antes mesmo da aquisição da Pentanova e que resultaram na conquista de novos clientes e projetos no mercado local e também no exterior. “Estamos em processo de rebranding”, diz Rodrigo Takahashi, diretor financeiro.

A dura travessia dos últimos três anos — um período que, além da crise da matriz, envolveu o encolhimento de toda a economia, a pandemia e até cancelamento de alguns contratos por conta da desaceleração de processos decisórios dos clientes — implicou também em superar a desconfiança de alguns clientes importantes, como as montadoras, e ao mesmo tempo correr atrás de outros.

Takahashi enumera alguns projetos encaminhados nesse período e principalmente o desenvolvido para a fábrica de Pompeia, SP, da Jacto, fabricante de equipamentos agrícolas. Considerado um dos maiores negócios do setor, foi contratado em abril de 2021, após seis anos na prateleira, e deve estar concluído até o começo do ano que vem. “Está no prazo e dentros dos custos”, comemora o executivo.

Negócios como esses casam com a ideia da nova Eisenmann de que a dependência do setor automotivo, hoje responsável por, respectivamente, cerca de 80%  e 20% do faturamento em serviços e equipamentos, mantenha sua preponderância no rol de clientes, mas que outras áreas ganhem relevância ainda maior.

Inclusive nas exportações. Segundo Takahashi, os negócios com outros mercados devem responder por 15% do faturamento da  Eisenmann brasileira em 2022.  No médio prazo, porém, o objetivo é dobrar esse índice, com a empresa se valendo de oportunidades geradas a partir da presença da Pentanova em pelo menos duas dúzias de países e, claro, da paridade cambial do real frente ao dólar representar um empurrão e tanto para os negócios lá fora.


 

 

 

George Guimarães
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