A Caoa Chery voltou atrás em sua proposta nas negociações com os funcionários da fábrica de Jacareí, SP, e que teve suas atividades paralisadas por pelo menos três anos para, segundo a empresa, adequações para a produção de novos veículos híbridos e elétricos. No último sábado, 14, a montadora emitiu a seguinte nota oficial:
“A Caoa Chery noticiou ao Sindicato de Trabalhadores a necessidade de uma longa interrupção de suas atividades produtivas na fábrica de Jacareí, com a consequente readequação de seu quadro de empregados. A alteração do estabelecimento fabril (e do maquinário) decorre do contexto internacional e, também, da necessidade da empresa se adequar às novas tecnologias, visando a produção no Brasil de veículos eletrificados.
Buscando minorar a complexa situação, a empresa propôs à entidade sindical a negociação de uma indenização aos trabalhadores, adicional à integral quitação das verbas legais decorrentes das rescisões dos contratos de emprego. O Sindicato de Trabalhadores se opôs à oferta da empresa, e apresentou contraproposta pleiteando o estabelecimento de um lay-off de 5 meses (com 3 meses de estabilidade).
Os empregados vêm recebendo seus salários desde de março de 2022, embora tenha ocorrido a extinção das atividades da fábrica de Jacareí. Na época da decisão, sempre em constante negociação, outro lay-off já havia sido proposto pelo Sindicato de Trabalhadores, mas a empresa aguardou a complementação de seus estudos, buscando a negociação efetiva.”
O texto continua: “O lay-off, admitido na legislação brasileira, destina-se aos casos de suspensões das atividades com rápida retomada da produção e do trabalho. Não devem as partes usar desse expediente utilizando-se de benefícios e de verbas públicas para remunerar seus empregados, quando têm ciência prévia de que não retomarão as atividades em curto espaço de tempo. Todos os esforços possíveis estão sendo realizados pela Caoa Cchery- Jacareí, que segue negociando e apresenta propostas econômicas efetivas e mais vantajosas aos empregados. ”
A montadora reiterou ao final do comunicado a proposta de indenização adicional aos empregados e que, diz a montadora, poderá alcançar o teto máximo de 15 salários base para os empregados que contem com sete anos ou mais de empresa em 01.03.2022, e, no mínimo, 7 salários (para aqueles com até 2 anos de contrato). E concluiu que aguardará resposta do sindicato. “Caso mantido o impasse com custos adicionais, a empresa será obrigada a declinar a proposta.”
A ATA DO ACORDO
No mesmo dia, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, também por meio de nota oficial, relatou que a Caoa Chery, em reunião na sexta-feira, 13, “desistiu do plano de layoff para os trabalhadores da fábrica de Jacareí”.
Segundo a entidade, a montadora havia aceitado, em negociação ocorrida no dia 10, a proposta de cinco meses de layoff e mais 3 meses de estabilidade. Para comprovar, anexou à nota a ata da reunião, onde consta inclusive a assinatura do presidente da montadora, Márcio Alfonso.
“Após debates, ficou acordado que a empresa concorda com a implementação de layoff por cinco meses (nos termos negociados em fevereiro de 2022), de junho a outubro de 2022, e estabilidade no emprego por três meses de novembro a janeiro de 2023”, diz trecho do documento.
“É de extrema gravidade essa atitude da Caoa Chery. A empresa está quebrando um acordo negociado e já aprovado em assembleia. Os trabalhadores não aceitarão essa afronta. Vamos acionar todas as formas jurídicas e acirrar a luta contra o fechamento da fábrica e pela manutenção dos empregos”, afirma o presidente Weller Gonçalves.
Uma assembleia realizada no próprio sábado, na sede do sindicato, definiu pela organização de manifestações contra as demissões de cerca de 480 funcionários, hoje ainda em licença remunerada, inclusive a retomada de acampamento em frente à fábrica. Esgta semana os trabalhadores realizarão mais uma assembleia.
Fotos: Roosevelt Cássio/Sindmetal-SJC
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