Indústria

Real desvalorizado e mercado interno em queda no ano incentivam exportações

Montadoras exportam 46,1 mil veículos em maio, melhor resultado mensal desde agosto de 2018

Aforte desvalorização do real nos últimos dois anos e a restrita oferta de veículos em vários mercados da América do Sul, igualmente afetados pela produção global irregular, estão alavancando as exportações brasileiras. As montadoras locais, ainda que reclamem da falta de componentes e, por conta disso, dos cerca de 150 mil veículos que deixaram de produzir até agora em 2022, comemoram uma robusta retomada dos embarques.

No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, deixaram o Brasil rumo a países vizinhos cerca de 199 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 19,4% a mais do que em igual período de 2021.

Mas a comparação que deixa Márcio Leite, presidente da Anfavea, muito mais animado é com o desempenho do setor ainda antes da pandemia e da crise de fornecimento de componentes desencadeada a partir dela.

Em 2019, sem qualquer problema de ordem global, o Brasil exportou 187 mil veículos de janeiro a maio, número que recuou para 100 mil em 2020 e 167 mil no ano passado. “Estamos em uma recuperação consistente”, avaliou o dirigente, há apenas dois meses à frente da entidade que congrega os fabricantes de veículos.

Leite também comemora o avanço de 27% no faturamento com as expotações no ano. Os US$ 3,9 bilhões superaram em 27% o valor  apurado de janeiro a maio de 2021. Em 2019, com a cotação do dólar variando sempre abaixo dos R$ 4,00, o setor faturara US$ 1 bilhão a menos no mesmo período.

Só em maio, as montadoras brasileiras enviaram para o exterior — arrecadando mais de US$ 943 milhões —, cerca de 46,1 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, crescimento de 25% sobre o mesmo mês do ano passado.

É o melhor resultado  mensal em quase quatro anos, superado somente por agosto de 2018, quando foram embarcados 56,7 mil veículos.

Analistas do setor entendem que, além do câmbio favorável que deixa os produtos nacionais mais competitivos no exterior, o que facilita também potenciais novos contratos, os embarques têm sido “anabolizados” para cumprimento de contratos antigos, que precisavam ser honrados depois das dificuldades logísticas e produtivas desde 2020. “Se as empresas perderem esses mercados, fica mais difícil recuperar depois”, enfatiza um deles.

A debilidade das vendas internas em 2022 é apontada como outra mola a impulsionar as exportações. “O mercado brasileiro já não está mais aquela maravilha para alguns modelos e marcas. Se começar a sobrar carro no Brasil, o mercado vai dar desconto e todos vão perder, montadoras e concessionárias”,  completa o analista, que faz questão de chamar a atenção para o surgimento de algumas campanhas publicitárias que já destacam carros novos para pronta entrega e com preços mais baixos.

LEIA MAIS

→ Em maio, o melhor mês do ano no mercado de veículos leves

→ Seminovos: reação em maio não reverte queda no ano.


 : Divulgação

Compartilhar
Publicado por
George Guimarães

Notícias recentes

2025, o ano da decolagem dos eletrificados “made in Brazil”

Além da Toyota, Stellantis e BMW já iniciaram produção local. Outras marcas, incluindo as chinesas,…

% dias atrás

2024, um ano histórico para o setor automotivo brasileiro

100 mil novos empregos na cadeia e anúncio de investimento recorde de R$ 180 bilhões…

% dias atrás

XBRI Pneus anuncia fábrica em Ponta Grossa

Operação recebe aporte de R$ 1,5 bilhão e atenderá indústria e mercado de reposição com…

% dias atrás

Iveco avança em conectividade com o S-Way

Transporte rodoviário de carga

% dias atrás

2025 promete vendas em ascensão: até 3 milhões de unidades.

Em 2024 já faltou pouco para superar o resultado de 2019, último ano pré-pandemia; AEA…

% dias atrás

BMW produzirá seis novas motos em Manaus em 2025

Primeiro modelo chega às revendas no primeiro trimestre. Produção crescerá 10%.

% dias atrás