Sem produção local desde janeiro do ano passado, a Ford Brasil vem reforçando os investimentos em seu Centro de Desenvolvimento e Tecnologia e prevê gerar uma receita de R$ 500 milhões este ano com serviços exportados. A empresa conta atulmente com 1,5 mil engenheiros, dos quais 500 contratados recentemente, que participam de projetos globais voltados à conectividade e aos veículos elétricos e autônomos.
Em evento realizado na sede da empresa em São Paulo nesta sexta-feira, 1, o presidente da Ford América do Sul, Daniel Justo, e o diretor de engenharia, André Oliveira, apresentaram a nova estrutura do centro de P&D instalado em Camaçari, BA. Justo destacou as transformações pelas quais passa o setor – “as maiores nos últimos 120 anos” -, lembrando que o Brasil sedia um dos nove centros de engenharia da Ford no mundo e um dos mais completos do Hemisfério Sul.
“A inovação contínua é o diferencial entre as empresas que vão crescer e as que vão desaparecer neste mundo em constante mudança. Isso nos leva a outro grande desafio: a demanda cada vez maior por engenheiros e especialistas. Vimos nesse cenário a oportunidade de ampliar nossa atuação com a exportação de serviços de engenharia para os principais mercados da Ford no mundo, aproveitando a criatividade, versatilidade e a sólida experiência em custos dos nossos profissionais”, comentou Justo, lembrando que já hoje 60 engenheiros brasileiros trabalhando nos Estados Unidos e Europa.
O presidente da Ford garante que as demandas por serviços brasileiros cresceram nos últimos meses em volume e em complexidade, sendo que atualmente 85% do trabalho é focado em projetos globais. O time brasileiro tem expressiva participação no desenvolvimento da nova linguagem de design dos futuros veículos elétricos da Lincoln, assim como na implementação de tecnologias eletrificadas em modelos para o mercado global e no desenvolvimento das futuras gerações do sistema de multimídia da Ford.
No desenvolvimento dos veículos autônomos, o conhecimento brasileiro também é aplicado na adequação da carroceria para posicionamento de sensores, radares e câmeras e para a padronização de suas instalações, bem como no projeto de seus sistemas de limpeza, item fundamental para garantir que os veículos possam circular sem um motorista a bordo.
Há hoje 2 mil funcionário da Ford empregados no País. Além do centro de P&D de Camaçari, a empresa mantém hubs em Salvador, BA, São Paulo, SP, e em Pacheco, na Argentina. Tem ainda o Campo de Provas de Tatuí, no interior paulista, e parceria com o Senai-Cimatec para promover um curso de desenvolvimento de software para 100 alunos, dos quais 80 são pessoas de baixo poder aquisitivo.
O centro de Camaçari ocupa 6 mil m², com operações distribuídas em seis prédios que abrigam estúdio de design, laboratórios de realidade virtual e de Teardown – que realiza a desmontagem e análise de componentes –, escritórios e o DFord, nova área que funciona como uma startup com foco em inovação, realizando pesquisas para antecipar as necessidades dos consumidores anos antes de os veículos chegarem às ruas.
“A capacidade de desenvolver projetos extremamente complexos do início ao fim é uma vantagem competitiva que tornou o Centro de Desenvolvimento brasileiro uma referência na Ford mundial”, garante o diretor de engenharia da Ford
América do Sul.
E no campo de veículos conectados e desenvolvimento de software, merecem
destaque os recentes projetos criados para o mercado brasileiro em conjunto com o time
de Tecnologia da Informação, incluindo as novas funcionalidades conectadas da Transit,
como a assistência técnica em conferência, o acompanhamento preventivo inteligente e
os relatórios de indicadores para o negócio.
Pesquisas e patentes
A Ford Brasil também investe em pesquisa, outra área essencial para o avanço
da tecnologia e inovação e que já obteve o registro de mais de 70 patentes globais. Em
parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), da Bahia, a companhia possui um
ecossistema de pesquisadores com mais de 200 profissionais distribuídos em 17 estados
brasileiros e que atuam em 120 projetos, a maioria voltada à conectividade, inteligência
artificial e big data.
“A base de tudo que fazemos e do que está por vir no futuro da mobilidade é a
pesquisa, seja de novos produtos, materiais ou mesmo de utilizações. A pesquisa é
necessária para qualquer empresa ou país que queiram se sobressair. Nesse ambiente
de inovação, surgem grandes ideias, muitas delas, inclusive, dão origem a patentes dado
seu grau de originalidade”, reforça André Oliveira.
Uma delas é o uso de grafeno, material extremamente versátil, resistente, fino e
flexível, que também é um dos melhores condutores do mundo e abundante no Brasil.
Em parceria com a Universidade Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, a Ford criou uma
célula de pesquisa dedicada ao tema, unindo conhecimento acadêmico e prático.
“Nosso time faz estudos e testes usando grafeno combinado a vários materiais,
como borracha, para deixá-los mais duráveis e resistentes. Existem outros projetos
inclusive para aplicação em carros elétricos, uma vez que o grafeno possibilita a redução
do peso de componentes, o que, por consequência, leva a um aumento da vida útil das
baterias. A importância de termos um Centro de Desenvolvimento no Brasil também
reside nos estudos de recursos e minerais que nosso país tem em grande quantidade,
explorando todas suas propriedades e potencialidades ”, explica André Oliveira.
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