Mercado

Fenabrave revê meta de expansão e aposta em empate no ano

Presidente da entidade fala em descasamento da produção: "Concessionários têm estoque de carros que o consumidor não quer".

Com queda em torno de 15% no acumulado do primeiro semestre, o mercado de veículos não deve mais encerrar 2022 com resultado positivo. A Fenabrave revisou as projeções feitas em janeiro para baixo, estimando agora um mercado idêntico ao de 2021, com 2,12 milhões de emplacamentos, incluindo leves e pesados.

O segmento de automóveis deve cair 0,5%, para 1,55 milhão de unidades, enquanto o de comerciais leves tende a crescer 1,8%, para 423,8 mil. Na soma, os dois segmentos terão vendas iguais às do ano passado (1,97 milhão), ante projeção anterior de crescimento de 4,4%. O mercado de caminhões e ônibus, que antes a entidade estimava ser 7,4% maior, terá pequena expansão de 0,3%, para 145,5 mil licenciamentos.

Ao divulgar o balanço do semestre e as novas projeções, o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, tentou mostrar otimismo, atrelando a queda do ano principalmente aos problemas de oferta, visto que a produção das montadoras está prejudicada pela falta de componentes, principalmente semicondutores. Disse, inclusive, que pessoalmente acredita que em outubro a entidade retomará as projeções anteriores, que indicavam expansão em todas as categorias.

Dentre outras informações, revelou que há 500 mil pedidos em carteira pendentes, incluindo os existentes nas concessionárias — de modelos que não estão disponíveis para pronta entrega — e também nas montadoras (vendas diretas). Isso incluindo carros, comerciais leves, caminhões, ônibus e motos. Também considerando todos esses segmentos, haveria 575 mil cotas contempladas de consórcios cujos veículos ainda não fora retirados.

“Por causa da crise de abastecimento de peças, a montadora hoje produz o que dá e não o que o concessionário quer”, explicou o empresário. “Há um descasamento da produção, ou seja, temos nos concessionários estoques de carros que não interessam ao consumidor. O cliente quer um automóvel preto com câmbio automático e a gente tem um branco com câmbio manual”.

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Com relação ao balanço de junho, que teve queda de 4,8% considerando leves e pesados, num total de 178 mil emplacamentos, Andreta Jr. lembrou que o mês passado teve um dia útil a menos do que maio, o que representa, em média, 5% nas vendas mensais: “Podemos considerar, assim, que o mercado em junho ficou estável”.

De acordo com o presidente da Fenabrave, a média diária mensal das vendas de veículos saltou de 5.550 unidades em janeiro para 8.270 em junho. “Havendo retomada na produção e a possível recomposição das frotas de empresas, por meio das vendas diretas, podemos ter o resultado previsto pela nossa entidade no início deste ano e que apontava aumento de mais de 4%”.

Apesar do relativo otimismo, o executivo admite que o crédito está cada vez mais restrito e informou, inclusive, que a inadimplência passou de 3,2% para 4,7%.


Foto: Divulgação/Fenabrave

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Publicado por
Alzira Rodrigues

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