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Stellantis mira híbridos a etanol, localização e diversidade produtiva

Montadora fechou primeiro semestre como líder no Brasil e Argentina

Líder no conjunto dos principais mercados da América do Sul e Central, com participação de 23,5%, a Stellantis encerrou o primeiro semestre de 2022 na ponta folgada dos dois maiores, Brasil e Argentina, com respectivamente, 33,6% e 33,7%, e com algumas de suas marcas em forte ascensão de vendas e participação.

Porém, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 6, Antonio Filosa, CEO da montadora na região, mais do que comemorar essas robustas participações nas vendas, preferiu sublinhar os desafios da indústria automotiva no Brasil, o grande polo produtor da América do Sul, e da própria empresa no médio prazo.

Filosa é enfático ao afirmar que o desenvolvimento de veículos híbridos a etanol concentrarão boa parte dos esforços da montadora daqui para frente. A oferta de carros puramente elétricos ficará restrita a modelos importados de suas várias marcas e, deixa entender o executivo, eventual  produção local deles não tem relevância ainda na pauta de prioridades.

” O [ híbrido a] etanol é a melhor chance de descarbonização da frota sem desestruturar a indústria brasileira”,  afirmou o executivo, que, entretanto, evitou revelar o cronograma de lançamento da tecnologia. ” É a melhor alternativa para o mercado brasileiro.”

Ao mesmo tempo em que busca, com parceiros fornecedores, acelerar o desenvolvimento de motores híbridos a etanol no Brasil, Filosa tem sua equipe trabalhando também em outra frente de emergência: a digitalização e conectividade de produtos e serviços. A ideia é atenuar, na medida do possível, a dependência do fornecimento de países de outros continentes.

Novo C3: conectividade localizada.

Um avanço nesse sentido é a localização de sistemas multimidia que já começaram a ser fabricados por fornecedor em Manaus, AM, e que ganhará volume mais significativo a partir do lançamento do novo Citroën C3, previsto para as próximas semanas.

Um terceiro pilar de atuação pode representar oportunidades para fornecedores e para as várias fábricas da empresa na América do Sul —  seis de automóveis, uma delas, na Venezuela, desativada. Filosa entende que a indústria automotiva e a própria Stellantis devem buscar maior descentralização da produção. Tanto de produtos como de plantas, sugere.

Sem detalhar se a Stellantis tem algum plano totalmente definido nesse sentido, o CEO alega que esse movimento, além de aumentar a oferta de componentes e atenuar riscos e custos logísticos —  já que a atração de fornecedores é indispensável —, pode assegurar maior qualificação da mão de obra e elevação dos  indicadores sociais com melhoria da redistribuição de renda.

“Egoísticamente, também poderíamos ter um mercado maior para nossos veículos”, ponderou, lembrando que no Brasil as regiões Sudeste e Sul absorvem 65% das vendas de veículos, enquanto o Nordeste, Norte e Centro-Oeste representam, mesmo com uma área significativa maior, os 35% restantes. “O problema nessas regiões é a renda”, afirma.

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Filosa diz já identificar essa mudança dos perfis econômicos e sociais em Goiana, PE, uma região ligada até então à monocultura da cana-deaçúcar e que passou a sediar o Polo Automotivo Jeep em 2015. Desde então, pelo menos trinta fornecedores também se instalaram no entorno da planta. “E queremos chegar a 50 até 2025 ou 2026.”

Nos próximos três anos, é bom lembrar, a Stellantis pretende lançar 16 novos modelos na América do Sul, além de promover 28 reestilizações contemplando SUVs, picapes, carros de passeio e vans. Só de elétricos e híbridos serão sete veículos!

Ainda em 2022 três produtos debutarão, além do Citroën C3: Fiat Pulse Abarth, a picape Jeep Gladiator e o Fastback,  segundo SUV  da Fiat e também produzido em Betim, MG.


Foto: Divulgação

 

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George Guimarães

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