Com produção afetada pela escassez de semicondutores, as montadoras, assim como os concessionários, continuam alegando ser difícil determinar o reflexo efetivo do atual cenário econômico brasileiro e das restrições cada vez maiores na concessão de crédito no comportamento do mercado interno de veículos.
Certo é, no entanto, que os carros mais baratos, enquadrados pela Fenabrave nas categorias de veículos de entrada e hatches pequenos, tiveram vendas reduzidas em 30% no primeiro semestre, enquanto o de SUVs, que são mais caros, mostraram estabilidade. No primeiro caso, o número de emplacamentos despencou de 313.412 (dos quais 123,9 mil de entrada e 189,5 mil hatches pequenos) nos primeiros seis meses de 2021 para 220.073 (respectivamente, 78,9 mil e 141,2 mil) no mesmo período deste ano.
Em contrapartida, a demanda por SUVs até cresceu um pouco, de 316.530 para 317.722 unidades. Considerando o mercado total de automóveis, o balanço do semestre indica queda de 15% no semestre, com 681.173 emplacamentos este ano ante total de 804.101 unidades comercializados no mesmo período do ano passado.
Nesta sexta-feira, 8, ao divulgar o balanço de vendas e as revisões das projeções para 2022, o presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, reconheceu que as restrições ao crédito vêm alterando o perfil do mercado brasileiro, mas disse que também não se pode ignorar uma eventual política das montadoras, frente à falta de semicondutores, de garantir maior oferta dos modelos mais caros em detrimento dos mais baratos.
“As restrições ao crédito efetivamente existem. tanto é que as vendas financiandas, que antes respondiam por 60% a 65% dos negócios com automóveis, agora têm participaçlão de 35% a 40%. A curva inverteu e as compras à vista passaram a predominar. De cada dez pedidos de financiamento, menos de seis estão sendo aprovados e, assim mesmo, com entradas maiores, prazos menores e restrições em relação ao que o consumidor propôs”, comentou Leite.
De outro lado, no entanto, as montadoras tendem a direcionar os semicondutores para linhas de çprodutos mais lucrativos, o que torna confusa uma avaliação mais precisa do que efetivamente vem acontecendo no mercado brasileiro. Não se pode ignorar que o preço dos carros de entrada e o dos hatches pequenos são relativamente altos atualmente, devido à incoportação de itens de segurança e conforto que passaram a ser exigidos por lei ou pelo próprio consumidor.
Nesse contexto todo, o presidente da Anfavea comenta sobre o mercado de usados, que tem demanda crescente na faixa dos veículos chamados de velhinhos, aqueles com 9 a 12 anos de uso. “Que está havendo uma migração dos novos para os usados e até mesmo para motos, não há dúvida. A questão é que não é o segmento dos seminovos que está crescendo, mas sim os de produtos com mais de 10 anos”.
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Pelos dados da Fenabrave, a participação do segmento de veículos de entrada baixou de 15,4% no primeiro semestre do ano passado para 11,5% este anbo. No caso dos hatches pequenos, a redução foi de 23,5% para 20,6%. Em contrapartida, a fatia dos SUVs no mercado total de automóveis saltou de 39,4% para 46,5%.
Os três modelos mais procurados no segmento de entrada são o Fiat Mobi, VW Gol e Renault Kwid. A vendas desses modelos no semestre atingiram, respectivamente, 31,4 mil, 23,6 mil e 23 mil unidades no primeiro semestre, com as repectivas quedas de 20%, 36,2% e 21%.
Foto: Divulgação/Renault
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