GM avalia ser mais fácil ter escala de produção para exportar com esse tipo de veículo
Realizado no centro de exposições do Expo Center Norte, em São Paulo, o Simea 2022, Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva, reuniu em dois dias do evento – 18 e 19 de setembro – mais de 900 profissionais de montadoras, autopeças, universidades e demais segmentos ligados ao setor.
Promovido pela AEA, Associação da Engenharia Brasileira, o encontro foi encerrado na tarde de sexta-feira, 19, com uma mesa redonda sobre “O futuro e desafios do portfólio de veículos elétricos no Brasil”, que teve a participação de executivos da área de veículos pesados e também de leves, e foi mediado pelo editor-chefe do site Use Elétrico, Marcos Rozen.
Enquanto no contexto geral do Simea houve a defesa do etanol e demais biocombustíveis brasileiros como fundamentais no processo de contribuição do setor rumo à desarbonização no Brasil, no debate sobre elétricos o gerente do Grupo de Engenharia – Eletrificação Estratégia e Regulamentos – da GM América do Sul, Luiz Gustavo Moraes, defendeu o elétrico como o melhor produto para se ter uma boa base exportadora.
Segundo ele, o fato de cada país ter uma legislação diferente para os veículos à combustão dificulta as exportações. Já no caso do elétrico, esse problema não existe e, assim, é mais fácil ter escala e garantir maior volume de produção a partir das vendas para o exterior.
Moraes comentou na ocasião que pesquisa feita com clientes do Bolt constatou que 80% fazem recarga em casa e 90% consideram comprar um elétrico de novo: “E um produto fantástico, silencioso e com uma aceleração incrível”. Ele não deixou claro, contudo, se há planos efetivos da General Motors de vir a ter produçao local de elétricos no futuro.
Entre as montadoras com operações locais, a GM é a que vem sendo mais enfática na posição de caminhar direto do motor à combustão para o elétrico, conforme posição defendida pela matriz estadunidense. A maioria das demais empresas instaladas no Brasil considera que o híbrido flex, com etanol, é o melhor caminho para o País no processo de eletrificação, tanto é que Toyota e Caoa Chery já têm produtos do gênero aqui.
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Também participaram da mesa redonda sobre elétricos o piloto de testes Cesar Urnhani, do Programa Auto Esporte; Marcus Vinicius Aguiar, diretor de Relações Institucionais, Governamentais e RSE da Renault; Luiz Carlos Moraes, diretor de Comunicação Corporativa e Relações Institucionais da Mercedes-Benz; Argel Franceschini, gerente de e-Mobility da VWCO – Volkswagen Caminhões e Ônibus, e Alexandre Parker, coordenador de assuntos governamentais e institucionais da Volvo.
Aguiar, da Renault, comentou que apesar de ainda representarem um nicho, os elétricos têm hoje demanda crescente. Além do Kangoo elétrico, utilizado em frotas, a marca francesa comercializa também o Zoe e está trazendo para o Brasil o Kwid elétrico: “Serão 350 unidades, metade para pessoas físicas e metade para clientes corporativos. Os elétricos em geral têm sido bastante utilizados no e-delivery”.
Moraes, da Mercedes-Benz, lembrou que a disseminação dos elétricos depende de infraestrutura, estimando-se ser necessário aporte de R$ 14 bilhões em pontos de recarga e R$ 5 bilhões em geração de energia. “Nós não vislumbramos caminhões elétricos para longa distância, mas para entregas urbanas, com abastecimento a noite, são veículos apropriados”.
Franceschini, da VWCO, citou os três pilares envolvidos na comercialização dos caminhões elétricos: produto, infraestrutura e pós-venda. “O projeto do e-Delivery, desenvolvido 100% no Brasil, começou em 2017. Tivemos de formar mão de obra e hoje temos expertise total para fabricar elétricos aqui”. O case Ambev, que tem frota com 253 e-Delivey para entregas urbanas, foi destaque no Simea 2022.
Parker, da Volvo, comentou, por sua vez, que não vai ter uma virada de chave do veículo à combustão para o elétrico: “Esse tema requer uma decisão colegiada, envolvendo sociedade, poder público e iniciativa privada”.
Foto: Divulgação/GM
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