O primeiro trimestre do ano termina com o peso do desafio de adequar a produção de veículos pesados à demanda do mercado. No período, em comparação aos primeiros três meses de 2022, o ritmo no chão das fábricas arrefeceu 28,8%, no caso de caminhões, para 24,4 mil unidades, e 29,6% no de ônibus, ao registrar pouco mais de 4 mil chassis montados.
A acentuada queda já seria um sólido motivo de preocupação. Mas ao detalhar os números, o descolamento entre o volume produzido e o vendido embaça ainda mais o cenário. Levantamento da Anfavea mostra que do total de 28,6 mil caminhões vendidos no primeiro trimestre, 93,6% foram produzidos no ano passado. No segmento de ônibus, é ainda mais relevante a participação, 99,5% de 6,1 mil chassis negociados.
“Se até o fim do ano passado, era difícil enxergar se ocorriam compras antecipadas antes da mudança de fase do Proconve, a partir de 1º de janeiro, hoje fica claro que o mercado até agora absorveu praticamente o que se encontrava no estoque”, observou Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea durante apresentação dos resultados do setor automotivo, na segunda-feira, 10.
Bonini entende como natural uma adequação logo após mudança na legislação ambiental, como aconteceu nas ocasiões anteriores. Desta vez, no entanto, o hiato se apresenta exagerado. “Muito pouco do que foi produzido da nova geração Euro 6 neste ano foi para o mercado, somente 6,4% no volume de caminhões e apenas meio ponto porcentual, no caso chassi. Esses índices já deveriam estar entre 20% e 30%. A grande preocupação é como irá ficar a produção para os próximos meses.”
Férias coletivas e eliminação de segundo turno, como já anunciaram Mercedes-Benz e Scania, servem como termômetro do desafio a enfrentar, afinal, se a nova geração de pesados pouco vendeu, o pátio começa a ficar cheio.
Em março, tanto a produção de caminhões quanto de ônibus cresceu em relação a fevereiro. No primeiro segmento, alta de 51,7%, para 12,3 mil unidades e, no segundo, de 53,6%, para 1,9 mil chassis. Os volumes, porém, foram menores na comparação com o mesmo período do ano passado, com quedas de 8,9% (13,5 mil) e de 19,1% (2,4 mil), respectivamente. Cabe lembrar que a fase mais crítica da escassez de componentes se mostrou nos três primeiros meses do ano passado.
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Foto: Mercedes-Benz/Divulgação
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