Alzira Rodrigues e Décio Costa
Com participação próxima de 20% do faturamento das associadas do Sindipeças, o mercado de reposição tende a crescer quando há estabilidade ou retração nas vendas de veículos 0 km. O diretor de economia e mercados da entidade, George Rugitsky, estima para este ano uma expansão próxima de 15% nos negócios do aftermarket, o que representará um faturamento da ordem de R$ 40 bilhões.
Esse número refere-se às empresas filiadas do Sindipeças, que representam 85% da indústria brasileira de autopeças. O segmento como um todo movimenta uma valor maior, por envolver a margem de revenda dos atacadistas, varejistas e até mesmo das oficinas. Empresas participantes da Automec, que acontece até sábado, 29, no São Paulo Expo, na capital paulista, estimam que o mercado de reposição movimente perto de R$ 100 bilhões no total este ano.
“O mercado de reposição independente é o mais rentável para a indústria de autopeças”, lembra Rugitsky. “É mais pulverizado e por isso tem margens melhores do que as negociadas com as montadoras, por exemplo”.
O aftermarket teve crescimento contínuo no Brasil durante a pandemia da Covid-19, em parte por causa do comportamento do mercado de 0 km, que por falta de produtos ficou estabilizado entre 2020 e 2022. O consumidor tende a investir mais no usado quando adia a compra do novo.
Este ano a tendência de estabilidade ou até mesmo de queda nas vendas de veículos 0 km em geral, incluindo os de pesados, deverá favorecer nova expansão do aftermarket brasileiro. Ao menos é assim que vislumbram os atores do segmento.
Enquanto projeta crescimento de 4% a 5% do mercado geral de reposição, a Cummins Meritor estima registrar expansão própria de 17% nas vendas de peças para veículos pesados. Com um portfólio de mais de 3 mil itens, dentre eixos, rolamentos, óleos, componentes de cardan, a empresa atua em faixa estimada de 25% a 30% do aftermarket. De acordo com Gerson Backrany, gerente nacional de vendas, um conjunto de fatores tornam o período à frente oportuno.
“Mudança das normas de emissão, juros altos e crédito mais restritivo deverão provocar baixa no mercado de comerciais pesados novos, o que demandará mais manutenção na frota em circulação”, observa Backrany. “Mas também incertezas na economia geram temores que adiam investimentos. Distribuidores, por exemplo, preferem esperar.”
Paulo Alves, diretor-geral do negócio automotivo da Contitech, da Continental, avalia da mesma maneira que o colega da concorrência e calcula uma alta entre 10% e 15% no mercado de reposição em 2023. Além dos fatores já considerados, como a baixa na venda de veículo novos, o executivo acrescenta ainda os eventuais impulsos que contribuirão ainda mais com a expansão.
“Se tudo correr como se espera, há o programa Renovar e a segunda fase do Rota 2030 no horizonte próximo. Também a cadeia logística de fornecimento está mais estável, porque a escassez de peças também afetou a reposição. O ano passado não foi ruim, mas poderia ter sido melhor.”
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