Há apenas um semana, a gigante norte-americana Qualcomm Technologies comprou a Autotalks, empresa israelense de semicondutores e sistemas integrados.
Para além de mais uma incorporação ou fusão no sempre dinâmico e inquieto mundo de empresas de tecnologias, a negociação confirma a disposição da Qualcomm, mais conhecida pelos chips para smatphones, em fazer da indústria automobilística um de seus principais mercados.
O fornecimento desses componentes para o universo de sistemas e equipamentos utilizados em automóveis, caminhões e máquinas agrícolas representa ainda menos de 10% dos cerca de US$ 44 bilhões de faturamento da Qualcomm.
Uma participação que deve aumentar muito com a evolução da mobilidade elétrica e a demanda por conectividade, seja dos usuários como entre os próprios veículos,com as empresas fabricantes deles e a infraestrutura pública.
José Palazzi, diretor de vendas da Qualcomm no Brasil, arrisca:
“Não tenho dúvida que, no futuro, a indústria automobilítica será o principal segmento para nossas tecnologias, se não o maior”.
O executivo aponta segurança, serviços dos fabricantes — por exemplo concierge, diagnose, manutenção preditiva etc —, entretenimento e operação autônoma dos veículos como as principais vertentes para o crescimento do fornecimento dos chips e equipamentos da Qualcomm para o setor.
A compra da Autotalks está ligada, na prática, a todos esses pilares. Desde sua criação, em 2009, a empresa israelense se dedica à comunicação V2X, sigla de “veículo-para-tudo”, seja entre automóveis, seja com a infraestrutura, empresas. Enfim, tudo!
A comunicação V2X é, na verdade, uma das grandes artérias da Qualcomm na intensificação de sua atuação para a indústria automotiva. Ela contribuirá para a mobilidade inteligente, com a melhora do trânsito, aprimoramento do conforto e da segurança dos veículos, usuários de transportes, bem como de pedestres, ciclistas e de todo o entorno de ruas e estradas.
As tecnologias desenvolvidas pela Autotalks serão, assim, incorporadas ao portfólio da plataforma Snapdragon Digital Chassis já oferecida pela Qualcomm.
Essa incorporação de multi-operações numa mesma plataforma, afirma Palazzi, é tendência que só crescerá nos próximos anos.
Com maior densidade e mesmo tamanho — ou menores— os microprocessadores são capazes de responder por cada vez mais funções.
Um único pode atuar, por exemplo, para os sistemas de auxílio à direção e também para o dispositivo de entretenimento. Antes, essas funções demandavam mais de um chip, maior espaço e mais materiais empregados na produção desses componentes.
“E, naturalmente, com custos maiores”, enfatiza Palazzi. Por conta disso, o executivo entende que não necessariamente o número de chips crescerá substancialmente nas próximas gerações de veículos — até mesmo em produtos totalmente autônomos. Quem sabe, pode até diminuir.
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“Antigamente, cada porta de veículo tinha um módulo para o levantamento elétrico do vidro. Hoje está tudo num só e dentro do painel”, exemplifica Palazzi.
Responsável pelas vendas, Palazzi assegura que a indústria de chips e semicondutores já sublimou os problemas logísticos e a falta de capacidade de fornecimento que afetaram a produção de vários setores nos últimos dois anos, como a própria indústria automobilística.
” A nossa produção atual já é suficiente para toda a demanda do setor automtivo no segundo semestre”, afirma o executivo.
Foto: Divulgação
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